24/02/2008

O Último Combate





Na terra, a luta não havia terminado. Para se tornar definitivamente o soberano dos deuses e dos homens, Zeus ainda precisava combater um temível demónio, Tífon, que era o filho mais moço de Gaia.
Quando esse ser monstruoso se aproximava, todo mundo fugia, e os próprios deuses receavam enfrentá-lo. Sua força inesgotável, sua estatura descomunal e sua feiúra superavam as de todos os outros filhos de Gaia. Na extremidade de seus braços imensos, agitavam-se cabeças de dragão com língua preta. Cada uma delas soltava centelhas de fogo pelos olhos e gritos de animal selvagem.
Zeus as ouviu gemer, berrar e rugir uma após a outra. Preparou-se para a luta e empunhou suas armas. O choque foi terrível: a terra tremeu, o céu ficou em brasa, e o mar se ergueu num vagalhão fervente. Dentre os dentes dos dragões jorravam chamas que os relâmpagos de Zeus desviavam. De repente, juntando todas as suas forças, Zeus lançou um dardo1 poderoso, feito de seu raio, que inflamou de uma só vez as múltiplas cabeças de dragão. O monstro se consumiu num fogaréu gigantesco, queimando toda a vegetação em torno. Então, finalmente vitorioso, o senhor supremo do trovão o precipitou no fundo do Tártaro. Agora Zeus podia reinar. Voltou à sua morada no cume do monte Olimpo. Encoberto por nuvens espessas, o palácio do soberano dos céus ali se erguia, majestoso. Os deuses costumavam se encontrar no salão de mármore para alegres banquetes, em que se deleitavam com néctar e ambrósia. Eles gostavam das festas, e volta e meia suas risadas e cantos ressoavam no Olimpo. Sentado num trono de ouro e marfim, Zeus dominava os deuses e o mundo em baixo.
Com seu raio, podia agitar o céu e, com um meneio da cabeça, sacudir a terra. Todos temiam seu poder, mas respeitavam sua justiça.
Essa vitória assinalou o início de uma nova era, em que nasceram os Mortais.2 Os da época de Crono eram diferentes.

Contos e Lendas da Mitologia Grega


1 Espécie de lança, que se atira com a mão ou com a ajuda de uma arma.
2 Os homens são chamados desse modo em oposição aos deuses, que são imortais.