30/04/2009

A árvore solitária

Era uma vez um velho carvalho que já vivia há muito tempo na floresta.
Muitos anos antes, uma grande tempestade varrera a floresta, deixando o carvalho quebrado e feio.
Não era mais altivo e belo como as outras árvores.
A primavera cobria sua feiúra com novas folhas verdes; no outono, as folhas se transformavam num belo manto carmim. Mas os ventos na floresta sempre sopravam, carregando o manto de folhas para longe. E, assim, nada restava para disfarçar sua feiúra.
Passaram-se muitos e muitos anos e o carvalho começou a se sentir meio vazio por dentro.
Sentia o coração também ferido, como o corpo. Quando ele já estava muito, muito velho, um vento de outono passou suspirando. O carvalho acabou se lamentando.
- Ninguém me quer. Não tenho mais nenhuma utilidade no mundo.
Tac, toc, to-ro-roc-toc, toc!
Era o senhor pica-pau cabeça vermelha, bicando o tronco do velho carvalho.
Toc-toc!
Foi martelando e furando, até que fez uma portinha de entrada para sua residência de inverno, numa parte oca da árvore. Ele havia encontrado um salão pronto, cheio de bichinhos para ele e sua família comerem, quando chegasse o frio. As paredes da casa eram quentinhas, tudo muito arrumadinho e aconchegante.
- Que felicidade ter encontrado esta árvore oca! Fico tão agradecido!
Cantou o senhor pica-pau cabeça-vermelha.
Schuip! Schuup!
Era o bobby esquilo. Ficou correndo pelo tronco do velho carvalho, até que achou um buraco redondo, que seria sua janelinha da frente.
Bobby esquilo espiou para dentro. Ah! Como era confortável e aconchegante a casinha que ele viu!
Forrou-a com musgo, e nas protuberâncias que formavam prateleirinhas amontoou pilhas e pilhas de nozes, prontas para os banquetes quando chegasse o frio.
Ia ser ótimo morar lá, agasalhado no seu casado de peles e bem alimentado.
Ficaria seguramente abrigado até a chegada da primavera.
- Que felicidade ter encontrado esta árvore oca! Fico tão agradecido! - tagarelou Bobby esquilo.
Então, uma coisa estranha aconteceu com a árvore. As asinhas do passarinho batendo animadas e o coração do esquilinho aqueceram-na por dentro.
O coração do velho carvalho inchou de alegria.
Em vez de suspirar com o vento, seus ramos cantavam de felicidade.
As gotas das chuvas do outono, já congeladas, pendiam de seus dedos de galhos como refulgentes diamantes. A neve cobriu seu corpo com um magnífico manto branco.
À noite, a luz das estrelas e, de dia, os raios de Sol mantinham uma brilhante coroa sobre sua cabeça.
Em toda a floresta, não havia árvore mais feliz nem mais bela que o velho carvalho.


Moral da Estória:
Ser útil. Ter o coração hospitaleiro. A beleza realmente está dentro.