15/10/2009

Lenda da Moura da Ponte de Chaves



Depois da retoma de Chaves pelos Mouros ficou alcaide do castelo um guerreiro. Este organizou o noivado entre o seu filho Abed e a sua sobrinha. A bela jovem não recusara Abed, pois nenhum dos poucos mouros que ali ficaram lhe despertara paixão.
Uns anos depois, os cristãos iniciaram a conquista da região de Chaves, tendo mesmo atacado a cidade. O alcaide e seu filho encabeçaram a resistência moura e a defesa do castelo.
Numa ocasião, enquanto apreciava os combates, a sobrinha do alcaide fixou os olhos num belo guerreiro cristão que ganhava com os seus homens cada vez mais posições no castelo. No mesmo instante, surpreendido, o guerreiro parou a ofensiva. Interpelou-a acerca da presença de uma tão bela mulher num triste espectáculo daqueles e perguntou-lhe também se estava só. Quando a moura respondeu que vivia com o tio, alcaide do castelo, o guerreiro mandou levá-la imediatamente para o seu acampamento. A luta prosseguiu entretanto.
O castelo acabou por ser tomado. Contudo, a jovem moura manteve-se refém dos cristãos e passou a viver feliz com o cavaleiro que a raptara.
Abed nunca lhe perdoou. Depois de restabelecido de um ferimento de guerra, voltou a Chaves disfarçado de mendigo. Um dia, esperou que a sua prometida passasse na ponte e pediu-lhe esmola. A jovem estendeu a mão ao pedinte e, nesse momento, Abel olhando-a nos olhos, disse-lhe que ficaria para sempre encantada sob o terceiro arco da ponte. Só o amor dum cavaleiro cristão - não aquele que a levou - poderia salvá-la. Contudo, disse-lhe também que esse cavaleiro nunca viria. Depois destas palavras, a jovem moura, que tinha reconhecido Abed, desapareceu para sempre. Abed fugiu de seguida.
Desesperado, o guerreiro cristão que com ela vivia tudo fez para a encontrar. Procurou incessantemente na ponte e até pagou para que lhe trouxessem Abed vivo para quebrar o encanto. Mas a moura encantada da ponte de Chaves nunca mais apareceu e o cristão morreu numa profunda dor e saudade ao fim de alguns anos.

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