Esta é uma lenda que está na origem do nome de um local do concelho de Sintra e que remonta a 1147, data em que D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos Mouros.
Destacado para ocupar o castelo de Sintra, D. Mendo de Paiva surpreendeu a princesa moura Anasir, que fugia com a sua aia Zuleima. A jovem assustada gritou um "Ai!" e quando D. Mendo mostrou intenção de não a deixar sair, outro "Ai!" lhe saiu da garganta.
Zuleima, sem lhe explicar a razão, pediu-lhe para nunca mais soltar nenhum grito do género, mas ao ver aproximar-se o exército cristão a jovem soltou o terceiro "Ai!".
D. Mendo decidiu esconder a princesa e a sua aia numa casa que tinha na região e querendo levar a jovem no seu cavalo, ameaçou-a de a separar da sua aia se ela não acedesse e Anasir deixou escapar o quarto "Ai!".
Pouco depois de se instalar na casa, a princesa moura apaixonou-se por D. Mendo de Paiva, retribuindo o amor do cavaleiro cristão que em segredo a mantinha longe de todos.
Um dia, a casa começou a ser rondada por mouros e Zuleima receava que fosse o antigo noivo de Anasir, Aben-Abed, que apesar de na fuga se ter esquecido da sua noiva, voltava agora para castigar a sua traição.
Zuleima contou a D. Mendo que uma feiticeira lhe tinha dito que a princesa morreria ao pronunciar o sétimo "Ai!".
Entretanto, Anasir curiosa pela preocupação da aia em relação aos seus "Ais", exprimiu o quinto e o sexto consecutivamente, desesperando a sua aia que continuou a não lhe revelar o segredo.
D. Mendo partiu para uma batalha e passados sete dias foi Aben-Abed que surpreendeu Anasir, que soltou o sétimo "Ai!", ao mesmo tempo que o punhal do mouro a feria no peito. Enlouquecido pela dor, D. Mendo de Paiva tornou-se no mais feroz caçador de mouros do seu tempo