Os viandantes davam-lhe de comer, mas não ousavam cortar-lhe o joelho. Não aguentando mais, um dia o pobre doente pegou numa faca e abriu o joelho. Qual não foi o seu espanto ao ver que, do corte que tinha feito, saíram três lindas meninas. Agradeceu a Deus por ter escutado a sua súplica e regressou à aldeia onde construiu uma pequena cabana para morar com as suas filhas.
Passados alguns anos, as meninas atingiram a maioridade. O pai já as podia deixar sozinhas para ir à caça. Durante a ausência do homem, uns pastores que andavam nos arredores viram as moças e apaixonaram-se logo por elas. Quiseram levá-las para casa, onde se casariam.
Mas as jovens, que gostavam muito do pai, não queriam dar-lhe um desgosto e, por isso, não podiam deixá-lo sem o avisar. Despediram-se dos pastores, convidando-os a voltar no dia seguinte.
Quando o pai regressou, elas, entusiasmadas, contaram-lhe tudo. O velho ficou triste, mas as filhas consolaram-no dizendo:
— Mesmo que vamos morar para longe, tu não vais perder-nos, pois podes visitar-nos quando desejares.
E, com carinho, ensinaram ao pai o caminho para a aldeia dos seus pretendentes.
No dia seguinte, o pai saiu outra vez para caçar, os jovens voltaram como tinham combinado com as moças. Estas, depois de tratar da casa e de preparar a comida para o pai, partiram com os rapazes.
O homem viveu dois meses completamente só, mas depressa sentiu saudades das filhas e pensou em ir visitá-las. Meteu-se a caminho, seguindo o carreiro que elas lhe haviam ensinado. Quando as filhas o viram chegar, correram felizes ao seu encontro, fizeram-lhe muitas festas e prepararam-lhe, com a ajuda dos maridos, uma óptima refeição. O homem pensou:
Tudo o que Deus faz
é uma maravilha
mas o melhor de tudo
é a família.
Fábulas africanas
Lisboa, Editorial Além-mar, 1991
Lisboa, Editorial Além-mar, 1991