O Herói Armagurado
O personagem Lancelot, como membro especial da confraria de Arthur, já era bem conhecido no século XII, Loomis constatou que havia vestígios de sua origem no guerreiro galês Lluch Llauynnauc e na divindade irlandesa Lugh Lamhfada. No entanto é atribuída ao escritor suíço Ulrich Von Zatzikhoven, na última década do século XII, a origem do nome Lancelot do Lago, retirado da tradução de um romance anglo-saxão extraviado.
Lancelot era filho do rei Ban de Benoic, distrito da Britânia. Com a morte do pai, Lancelot foi levado pela Dama do Lago para seu palácio.
Quando Lancelot completa quinze anos, sua mãe adotiva o equipa e manda-o para a corte de Arthur.
Ele luta em favor de Guinevere, mas não há nenhum adultério entre eles.
Lancelot tem namoros casuais e por fim, casa-se com uma esposa amável e fiel.
O primeiro a escrever sobre Lancelot ser amante de Guinevere foi Chrétien de Troyes, que dizia que a história estava sendo ditada pela condessa de Champanhe.
No início da história, Meleagant, um cavaleiro infiel, prende muito dos súditos de Arthur em Goirre, terra rodeada de água. Por fim, Meleagant captura Guinevere.
Lancelot luta por sua rainha e no final, em um combate solitário, consegue a libertação dela e de todos os outros reféns.
A história se parece com a que é contada por Caradoc de Lancafarn em "Life of Saint Gildas", trabalho escrito antes de 1130, que relata que Guinevere teria sido capturada por Melvas e levada para a Ilha de Vidro.
Arthur com um grande exército recrutado em Devon e na Cornualha sitia Melvas e salva Guinevere.
Na versão de Chrétien, ele trocou Arthur por Lancelot.
Arthur é apresentado como um homem de boa índole, benevolente, mas ineficaz, o que reduz drasticamente o seu poder.
Isto se deve ao fato que a corte de Champanhe, onde Chrétien escreveu sua história, não estava interessada em atos heróicos contra bárbaros na Inglaterra, mas sim na vida que estava na moda, na qual o rei Arthur necessariamente fazia o papel de marido traído.
A traição de Lancelot e Guinevere é permissível, sem arrependimento entre os dois, é somente em "Lancelot", do Ciclo Popular ou Ciclo Bretão, que Guinevere exclama:
"Teria sido melhor para mim se eu nunca tivesse nascido".
Foi aí, com Malory, que Lancelot foi chamado de o primeiro herói do romance moderno.
Lancelot é um homem de grandes virtudes pessoais e profissionais, sem forças para resistir a uma paixão que por um longo tempo acredita ser mais ou menos incorreta e que, por fim, aceita ser complemente errada.
Ele tem inimigos, alguns têm ciúmes, outros ficam indignados com a sua ligação com a rainha e é isso que acabará levando à guerra civil.
Mas muitos o amam, não somente Guinevere o ama, mas Arthur o ama também; não somente a donzela de Astolat, mas o irmão dela, Lavaine.
Os cavaleiros devotados a ele sentem uma admiração e uma forte afeição pessoal.
Apesar de não poder ver o Graal por causa do adultério, Lancelot apresenta grande caráter moral tanto no episódio com Sir Urre quanto no da Donzela de Astolat.
Lancelot vai competir em um torneio disfarçado, assim, para desviar as suspeitas, aceita uma prenda de Elaine.
Vitorioso, mas ferido, é levado por Lavaine para um eremitério para ser curado.
Gawain, sabendo da verdadeira identidade do cavaleiro, o revela para Elaine, que cuidava dia e noite dele.
Bors vai ao encontro de Lancelot, ansioso e constrangido por tê-lo ferido, e pergunta:
"Mas é Elaine que está interessada em você?".
"É ela. Não posso afastá-la de mim" - diz Lancelot.
"E por que deveria afastá-la? É uma bela donzela, de boa aparência e bem instruída, e vejo, pelos cuidados dela para com você, que ela o ama muito".
A resposta de Lancelot é agourenta:
"Isso me deixa arrependido".
Quando está curado e pronto para partir, Elaine o pede por marido e ele diz que prometera nunca se casar.
Ela então pede para ser sua amante, ao que ele fica horrorizado e diz que nunca poderia fazer tal maldade com quem o tinha tratado tão bem.
Ela diz então que nada resta senão morrer de amor.
Para evitar isso, Lancelot promete a ela um dote de mil libras por ano e qualquer cavaleiro, que ela escolha para se casar.
Ele recusa todas as propostas, pois o que quer é ser somente sua esposa ou sua amante.
"Bela donzela, por essas duas coisas tens de me perdoar" - respondeu Lancelot.
Assim ela gritou e desmaiou.
Durante nove dias, Elaine não comeu, bebeu ou dormiu.
No décimo dia ela morreu. A carta que pedira para escrever para Lancelot estava em suas mãos e ela foi colocada em uma barca recoberta de tecido negro que desce até Winchester.
Na carta estava escrito:
"Nobre cavaleiro, Sir Lancelot, agora é com morte que eu disputo o teu amor. Os homens me chamavam de Bela Donzela de Astolat, mas eu te amava, e por esta razão a todas as damas faço meu lamento. Rezem por minha alma e por fim me enterrem. Este é meu último pedido. E tomo Deus por testemunha de que como donzela casta morri. Sir Lancelot, reza por minha alma, pois tu és sem igual."
Mas o romance entre Lancelot e Guinevere não poderia ficar para sempre ignorado.
Modred e seu irmão Agravaine passam a vigiá-lo e por fim encontram Lancelot desarmado na cama da rainha.
Lancelot mata o primeiro do bando que o ataca e foge. A rainha é condenada à fogueira.
É fora dos muros de Carlisle que Lancelot salva a rainha, já despida, só de camisola, prestes a ser levada para o poste.
Corpo a corpo ele vai abrindo caminho e, sem saber, mata Sir Gaheris e Sir Gareth, irmãos do vingativo Sir Gawain.
Ele leva a rainha para seu castelo de Joyous Garde, para onde partem Arthur e Gawain em seu encalço.
A disputa é resolvida por um combate entre Gawain e Lancelot, com vitória de Lancelot.
Neste meio tempo, Modred havia raptado a rainha e planejava casar-se com ela e tornarse rei. Arthur parte então para lutar contra Modred, morrendo os dois no confronto.
Guinevere, arrependida, entra para um convento e Lancelot também entra para uma ordem, onde, depois da morte de Guinevere, definha aos poucos até morrer.
Lendas dos Cavaleiros da Távola Redonda