19/04/2010

Reginsmal




Havia um rico lavrador chamado Hreidmar, conhecedor de magia; todos os seus três filhos tinham certas peculiaridades. Dois deles podiam mudar de forma, Fafnir e Otr. O terceiro era um duende, Regin. Como todos os anões era um excelente artesão, ferreiro ele era também um inteligente, selvagem e hábil na magia. Estranhamente, Otr costumava a transformar-se numa lontra e ia para um rio torrencial, comendo os peixes que apanhava - esta foi sua ruína.

Certo dia, os três deuses, Odin, Hoenir e Loki, saíram em uma de suas expedições e, como sempre, Loki criou problemas. Desta vez, por causa de um acto imprudente, embora desculpável. Chegaram a uma cachoeira e notaram, bem perto, uma lontra devorando um salmão na margem do rio. Como as lontras fazem, esta comia de olhos fechados. Deste modo não pode ver quando os deuses se aproximaram. Loki atirou uma pedra, matou-a e assim obteve ao mesmo tempo uma pele de lontra e um salmão. Os deuses acharam que fora um golpe de sorte até chegarem a casa de Hreidmar e pedirem para passar a noite ali. Gabaram-se do que haviam apanhado e mostraram a Hreidmar a pele da lontra. O lavrador e seus filhos a reconheceram, tomaram-na dos deuses e exigiram uma compensação. Os Aesir concordaram em encher a pele de ouro e empilhar ouro em cima, até cobri-la totalmente. Loki foi enviado em busca do metal.

Por sorte ele conhecia um anão chamado Andvari; como os anões eram grandes artesãos, em geral tinham muito ouro. Este era um anão muito estranho: assumia a forma de um arpão e vivia na cachoeira fisgando peixes. Loki tomou uma rede emprestada a Ran, deusa do mar, e levou o arpão. O Reginsmál registrou a conversa entre os dois. Loki perguntou :

"Que peixe é esse, nadando na corrente,
sem sem salvar-se do desastre?
Resgata a tua vida do reino da morte
e me trás o ouro brilhante".

"Andvari é meu nome, Odin, o do meu pai,
por muitas correntes nadei.
Antigamente um destino triste
fez-me andar pela água".

Loki pediu todo o ouro de Andvari como resgate. O anão pagou, mas tentou ficar com um anel ( possivelmente um anel de braço, não para o dedo), pois tinha propriedades mágicas que poderiam ajudá-lo a recuperar sua fortuna. Loki arrancou o anel de Andvari. Voltando com segurança para seu lar numa rocha, o anão lançou uma maldição sobre quem ficasse com o seu tesouro:

"O ouro [ ou o 'anel' ] que um dia foi de Gust
será a morte de dois irmãos,
será a queda de oito príncipes.
Da minha riqueza homem nenhum gozará".

Loki trouxe o saque; Odin cobiçou o anel e o tomou para si. Os Aesir encheram a pele da lontra com o resto do tesouro e o cobriram com ouro. Hreidmar inspeccionava e achou um fiozinho do pelo da lontra descoberto. Relutante, Odin tirou o anel e cobriu o fio. Quando os deuses saíram do castelo de Hreidmar, Loki revelou a maldição do anão. "Ouro agora para ti, grande resgate, foi entregue por minha vida. Para teu filho nenhuma fortuna. Isto será a morte para os dois"
Foi o que aconteceu, Fafnir e Regnir pediram sua parte do dinheiro como indemnização, mas Hreidmar não saldou a dívida. Fafnir matou o pai e escondeu o tesouro num lugar deserto. Ficou ali mesmo, assumindo a forma de um dragão, até Regin maquinar sua morte.


Mitologia Nórdica