12/05/2010

A cotovia



Era uma vez um velho eremita que morava numa floresta com apenas um companheiro, um pássaro chamado cotovia.
Um dia dois mensageiros foram procurar o velho eremita para pedir-lhe que os acompanhasse ao palácio de seu amo, que estava gravemente enfermo.
O velho, seguido pela cotovia, partiu com os mensageiros e fizeram-no entrar imediatamente no quarto do homem doente. Quatro médicos balançavam a cabeça, fazendo comentários em voz baixa entre si.
-Não ha mais nada a fazer, murmurou o que parecia ser o mais importante-Infelizmente ele está morrendo.
O velho eremita em pé junto à porta, observava a cotovia, que pousara no peitoril da janela e olhava fixamente para o doente.
-Ele vai viver, disse o eremita.
- Mas como pode este camponês fazer uma afirmação dessas? exclamaram os médicos em coro.
O doente abriu os olhos, viu a cotovia olhando-o fixamente e esboçou um sorriso. Pouco a pouco a cor foi voltando ao seu rosto, suas forças retornaram e, para assombro de todos os presentes disse: - estou me sentindo um pouco melhor.
Tempos depois, o nobre do palácio, totalmente recuperado, foi à floresta para agradecewr ao eremita.
-Não agradeça a mim, disse o eremita. -Foiu o pássaro quem o curou. A cotovia, acrescentou ele, é um passaro muito sensivel. Ao ser colocada junto a uma pessoa doente, se ela virar a cabeça e não olhar para o doente, isso significa que não há esperança. Mas se olhar para o doente, como olhou para o senhor, quer dizer que o paciente não vai morrer. Na realidade a cotovia, através do olhar ajuda a recuperação.
Assim como a sensivel cotovia, o amor da virtude não olha para coisas vís, sombrias, mas procura tudoi o que é nobre e honrado. O pássaro habita o bosque florido, e a virtude habita o coração nobre.

Leonardo da Vinci