Era uma vez um príncipe que saiu pelo mundo à procura de um remédio para seu pai que estava cego. Depois de muito viajar, chegou a uma cidade, onde deparou com uma cena estranha. Um grupo de homens espancava o corpo de um defunto. O rapaz aproximou-se e perguntou aos homens porque faziam aquilo. Responderam que o homem, quando era vivo, lhes devia dinheiro e, por isso, de acordo com o costume da terra, seu cadáver tinha de apanhar. Ouvindo isso, o príncipe pagou todas as dívidas do morto e o mandou enterrar, colocando uma cruz na sua sepultura. Em seguida, recomeçou sua viagem.
Depois de muito andar, encontrou no caminho uma pequena raposa que lhe perguntou:
— Onde vai, meu honrado príncipe?
Respondeu-lhe o moço:
— Ando à procura de um remédio para meu pai que ficou cego.
— Para isso, só existe um recurso, disse a raposinha. E preciso colocar nos olhos do seu pai um pouco de excremento de um papagaio do Reino dos Papagaios. Se quiser seguir meu conselho, vá ao Reino dos Papagaios e entre à meia-noite no lugar em que eles se encontram. Deixe, porém, delado os papagaios bonitos e faladores que estão em lindas e ricas gaiolas. Apanhe um papagaio velho e triste que está numa gaiola de pau muito feia.
O rapaz ouviu, atentamente, as palavras da raposinha e partiu, depressa, para o lugar indicado.
Depois de muito caminhar, encontrou, novamente, a raposinha.
— Onde vai, meu honrado príncipe? perguntou ela. O moço contou o que lhe acontecera.
— Ah! não lhe disse? Por que não seguiu o meu conselho? exclamou a raposa. Vou ensinar-lhe, mais uma vez, o que deve fazer. Entre no Reino dos Cavalos, à meia-noite, com muito cuidado. Há de encontrar lá uma porção de cavalos gordos e bonitos, ricamente arreados. Não monte em nenhum. Num canto, achará um cavalo velho, magro e feio. Apanhe este.
O rapaz agradeceu o conselho e partiu.
Quando chegou ao Reino dos Cavalos, ficou deslumbrado com a beleza dos animais. E teimoso, como sempre, disse consigo mesmo:
— Ora, tantos cavalos bonitos e eu obrigado a escolher um diabo velho e feio! Nada disso!
E montou num dos cavalos mais gordos e lindos. Mas, quando ia saindo, o cavalo deu um relincho tão forte que os guardas acordaram e prenderam o rapaz. Este, mais uma vez, repetiu a sua triste história. Os guardas, com pena, disseram:
—Está bem. Dar-lhe-emos um cavalo, mas você deverá raptar a filha do Rei do Ouro.
O moço prometeu trazer a princesa, mas pediu que lhe dessem um cavalo, para ir mais depressa. Os guardas atenderam ao seu pedido, e o príncipe seguiu viagem.
No caminho, mais uma vez, apareceu-lhe a raposinho mágica.
— Onde vai, meu honrado príncipe? perguntou ela.
O rapaz contou-lhe tudo. A raposa disse:
— Sou a alma daquele homem que estava apanhando depois de morto e cujas dívidas você pagou. Tudo tenho feito para retribuir o que fez por mim. Mas você não tem seguido os meus conselhos e, por isso, tem vivido no meio de perigos e dificuldades. Vou, porém, aconselhá-lo mais uma vez. Vá montado neste cavalo até o palácio do Rei do Ouro. Quando for meia-noite, entre no palácio, agarre a moça, ponha-a na garupa do seu cavalo e saia a toda disparada. Passe pelo Reino dos Cavalos e peça o seu cavalo, passe pelo Reino das Espadas e peça a sua espada, passe pelo Reino dos Papagaios e peça o seu papagaio. Corra, depois, a toda pressa, para sua casa, pois seu pai está muito mal. Não se afaste do caminho, nem dê ouvidos a ninguém até chegar à sua casa.
O príncipe partiu. Chegando ao palácio do Rei do Ouro, raptou a moça. Passando pelo Reino dos Cavalos, recebeu seu cavalo. No Reino das Espadas, recebeu sua espada. No Reino dos Papagaios, recebeu seu papagaio. Continuou a correr. Porém, um pouco adiante, encontrou seus irmãos que andavam à sua procura. Quando viram a linda moça e as coisas valiosas que o rapaz trazia, ficaram cheios de inveja e armaram um plano para roubá-lo. Começaram por convencer o irmão que se afastasse da estrada, a fim de evitar o assalto dos ladrões. O príncipe, esquecendo os conselhos da raposa, atendeu aos irmãos. Quando desceu do cavalo para beber água, foi atirado numa furna que existia dentro da mata. Os irmãos tomaram-lhe a moça, o cavalo, a espada e o papagaio. E seguiram, alegremente, para casa, pensando que o rapaz estava morto.
Quando chegaram ao palácio, aconteceu, porém, um fato inesperado. A moça não quis comer, nem falar. O papagaio meteu a cabeça debaixo da asa e ficou silencioso. A espada cobriu-se de ferrugem. E o cavalo começou a emagrecer e a ficar velho. Que acontecera ao príncipe ? Abandonado na mata, estava para morrer, quando apareceu a raposinha mágica que lhe salvou a vida e o pôs em liberdade. Depois de agradecer à sua benfeitora, correu para casa. Assim que penetrou no palácio, houve um acontecimento que causou espanto a todo mundo. A espada deu um estalo e começou a brilhar. O papagaio voou para seu ombro e pôs-se a falar. A moça soltou uma gargalhada e começou a cantar. E o cavalo, de repente, ficou gordo e bonito e pôs-se a relinchar.
O príncipe, então, apanhou um pouco de excremento do papagaio e colocou nos olhos de seu pai. Imediatamente, o velho recobrou a visão e abraçou o filho, chorando de alegria. O príncipe, dias depois, casou-se com a princesa. Seus irmãos foram castigados e expulsos do reino.
Quando chegou ao Reino dos Papagaios, ficou extasiado ao ver milhares dessas aves em belíssimas gaiolas de diamante, ouro e prata. Não deu importância ao papagaio velho e sujo que se achava num canto. Apanhou a gaiola mais bonita e correu para fora. Mas, quando ia saindo, o papagaio deu um grito estridente e acordou os guardas que agarraram o rapaz. Que queres com este papagaio? perguntaram eles. Vais morrer por causa disso! O príncipe contou-lhes, então, a história da doença do seu velho pai. Os guardas ficaram com pena e disseram:
— Pois bem, poderás levar o papagaio, se nos trouxeres uma espada do Reino das Espadas.
O moço ficou muito triste, mas aceitou a proposta e partiu.
Mais adiante, surgiu na sua frente, de novo, a raposinha que lhe perguntou:
— Por que está tão triste, meu honrado príncipe? O moço contou-lhe, então, o que havia acontecido.
— A culpa foi sua, disse a raposa. Não seguiu o meu conselho. Deixou de lado o papagaio velho e feio e apanhou o papagaio bonito. Contudo, vou ensinar-lhe o que deve fazer no Reino das Espadas. Entre lá, à meia-noite, com muito cuidado. Verá muitas espadas de prata, ouro e diamante. Não pegue em nenhuma. Num canto, encontrará uma espada velha e enferrujada. Apanhe esta. O moço agradeceu o conselho e partiu.
Quando chegou ao Reino das Espadas, ficou maravilhado ao ver tantas espadas belíssimas! E, teimoso como da outra vez, disse consigo mesmo:
— Ora, tanta espada bonita e eu obrigado a levar uma espada velha e enferrujada! Nada disso. Vou levar a mais linda que houver aqui.
E assim fez. Quando ia saindo, a espada de ouro e diamantes, que levava, deu um estalo tão forte que acordou os guardas. O rapaz foi logo preso, e os guardas lhe disseram que ia ser condenado à morte. Contou-lhes, então, o moço a sua triste história. Os guardas ficaram penalizados e declararam que lhe dariam uma espada, se ele lhes trouxesse um cavalo do Reino dos Cavalos. O príncipe não teve remédio senão aceitar a proposta.
Depois de muito andar, encontrou no caminho uma pequena raposa que lhe perguntou:
— Onde vai, meu honrado príncipe?
Respondeu-lhe o moço:
— Ando à procura de um remédio para meu pai que ficou cego.
— Para isso, só existe um recurso, disse a raposinha. E preciso colocar nos olhos do seu pai um pouco de excremento de um papagaio do Reino dos Papagaios. Se quiser seguir meu conselho, vá ao Reino dos Papagaios e entre à meia-noite no lugar em que eles se encontram. Deixe, porém, delado os papagaios bonitos e faladores que estão em lindas e ricas gaiolas. Apanhe um papagaio velho e triste que está numa gaiola de pau muito feia.
O rapaz ouviu, atentamente, as palavras da raposinha e partiu, depressa, para o lugar indicado.
Depois de muito caminhar, encontrou, novamente, a raposinha.
— Onde vai, meu honrado príncipe? perguntou ela. O moço contou o que lhe acontecera.
— Ah! não lhe disse? Por que não seguiu o meu conselho? exclamou a raposa. Vou ensinar-lhe, mais uma vez, o que deve fazer. Entre no Reino dos Cavalos, à meia-noite, com muito cuidado. Há de encontrar lá uma porção de cavalos gordos e bonitos, ricamente arreados. Não monte em nenhum. Num canto, achará um cavalo velho, magro e feio. Apanhe este.
O rapaz agradeceu o conselho e partiu.
Quando chegou ao Reino dos Cavalos, ficou deslumbrado com a beleza dos animais. E teimoso, como sempre, disse consigo mesmo:
— Ora, tantos cavalos bonitos e eu obrigado a escolher um diabo velho e feio! Nada disso!
E montou num dos cavalos mais gordos e lindos. Mas, quando ia saindo, o cavalo deu um relincho tão forte que os guardas acordaram e prenderam o rapaz. Este, mais uma vez, repetiu a sua triste história. Os guardas, com pena, disseram:
—Está bem. Dar-lhe-emos um cavalo, mas você deverá raptar a filha do Rei do Ouro.
O moço prometeu trazer a princesa, mas pediu que lhe dessem um cavalo, para ir mais depressa. Os guardas atenderam ao seu pedido, e o príncipe seguiu viagem.
No caminho, mais uma vez, apareceu-lhe a raposinho mágica.
— Onde vai, meu honrado príncipe? perguntou ela.
O rapaz contou-lhe tudo. A raposa disse:
— Sou a alma daquele homem que estava apanhando depois de morto e cujas dívidas você pagou. Tudo tenho feito para retribuir o que fez por mim. Mas você não tem seguido os meus conselhos e, por isso, tem vivido no meio de perigos e dificuldades. Vou, porém, aconselhá-lo mais uma vez. Vá montado neste cavalo até o palácio do Rei do Ouro. Quando for meia-noite, entre no palácio, agarre a moça, ponha-a na garupa do seu cavalo e saia a toda disparada. Passe pelo Reino dos Cavalos e peça o seu cavalo, passe pelo Reino das Espadas e peça a sua espada, passe pelo Reino dos Papagaios e peça o seu papagaio. Corra, depois, a toda pressa, para sua casa, pois seu pai está muito mal. Não se afaste do caminho, nem dê ouvidos a ninguém até chegar à sua casa.
O príncipe partiu. Chegando ao palácio do Rei do Ouro, raptou a moça. Passando pelo Reino dos Cavalos, recebeu seu cavalo. No Reino das Espadas, recebeu sua espada. No Reino dos Papagaios, recebeu seu papagaio. Continuou a correr. Porém, um pouco adiante, encontrou seus irmãos que andavam à sua procura. Quando viram a linda moça e as coisas valiosas que o rapaz trazia, ficaram cheios de inveja e armaram um plano para roubá-lo. Começaram por convencer o irmão que se afastasse da estrada, a fim de evitar o assalto dos ladrões. O príncipe, esquecendo os conselhos da raposa, atendeu aos irmãos. Quando desceu do cavalo para beber água, foi atirado numa furna que existia dentro da mata. Os irmãos tomaram-lhe a moça, o cavalo, a espada e o papagaio. E seguiram, alegremente, para casa, pensando que o rapaz estava morto.
Quando chegaram ao palácio, aconteceu, porém, um fato inesperado. A moça não quis comer, nem falar. O papagaio meteu a cabeça debaixo da asa e ficou silencioso. A espada cobriu-se de ferrugem. E o cavalo começou a emagrecer e a ficar velho. Que acontecera ao príncipe ? Abandonado na mata, estava para morrer, quando apareceu a raposinha mágica que lhe salvou a vida e o pôs em liberdade. Depois de agradecer à sua benfeitora, correu para casa. Assim que penetrou no palácio, houve um acontecimento que causou espanto a todo mundo. A espada deu um estalo e começou a brilhar. O papagaio voou para seu ombro e pôs-se a falar. A moça soltou uma gargalhada e começou a cantar. E o cavalo, de repente, ficou gordo e bonito e pôs-se a relinchar.
O príncipe, então, apanhou um pouco de excremento do papagaio e colocou nos olhos de seu pai. Imediatamente, o velho recobrou a visão e abraçou o filho, chorando de alegria. O príncipe, dias depois, casou-se com a princesa. Seus irmãos foram castigados e expulsos do reino.
Quando chegou ao Reino dos Papagaios, ficou extasiado ao ver milhares dessas aves em belíssimas gaiolas de diamante, ouro e prata. Não deu importância ao papagaio velho e sujo que se achava num canto. Apanhou a gaiola mais bonita e correu para fora. Mas, quando ia saindo, o papagaio deu um grito estridente e acordou os guardas que agarraram o rapaz. Que queres com este papagaio? perguntaram eles. Vais morrer por causa disso! O príncipe contou-lhes, então, a história da doença do seu velho pai. Os guardas ficaram com pena e disseram:
— Pois bem, poderás levar o papagaio, se nos trouxeres uma espada do Reino das Espadas.
O moço ficou muito triste, mas aceitou a proposta e partiu.
Mais adiante, surgiu na sua frente, de novo, a raposinha que lhe perguntou:
— Por que está tão triste, meu honrado príncipe? O moço contou-lhe, então, o que havia acontecido.
— A culpa foi sua, disse a raposa. Não seguiu o meu conselho. Deixou de lado o papagaio velho e feio e apanhou o papagaio bonito. Contudo, vou ensinar-lhe o que deve fazer no Reino das Espadas. Entre lá, à meia-noite, com muito cuidado. Verá muitas espadas de prata, ouro e diamante. Não pegue em nenhuma. Num canto, encontrará uma espada velha e enferrujada. Apanhe esta. O moço agradeceu o conselho e partiu.
Quando chegou ao Reino das Espadas, ficou maravilhado ao ver tantas espadas belíssimas! E, teimoso como da outra vez, disse consigo mesmo:
— Ora, tanta espada bonita e eu obrigado a levar uma espada velha e enferrujada! Nada disso. Vou levar a mais linda que houver aqui.
E assim fez. Quando ia saindo, a espada de ouro e diamantes, que levava, deu um estalo tão forte que acordou os guardas. O rapaz foi logo preso, e os guardas lhe disseram que ia ser condenado à morte. Contou-lhes, então, o moço a sua triste história. Os guardas ficaram penalizados e declararam que lhe dariam uma espada, se ele lhes trouxesse um cavalo do Reino dos Cavalos. O príncipe não teve remédio senão aceitar a proposta.