18/12/2010

Os pardais ensinam



Contava o Joca à mãe:
- Hoje, na piscina, vi uma borboleta a voar por cima da água.
- Mas onde está a admiração? - dizia-lhe a mãe.
- É que há um cartaz, à entrada da piscina, que proíbe a entrada a animais. Nunca leste? - perguntava o Joca.
A mãe já tinha lido, mas como não tencionava levar nenhum cão nem nenhum gato para a piscina, não ligara importância.
- Então a borboleta não é animal? - quis saber o Joca. - E os pardais também não são animais? Sim, porque eu vi, há dias, três pardais ao pé do self-service da piscina. Ninguém os mandou embora...
Havia que explicar ao Joca que os pardais, não sabendo ler, tinham de ser desculpados do atrevimento. Pouco mais ou menos, foi isto o que a mãe disse ao filho.
Mas a senhora estava enganada, muito enganada. Não só os pardais sabiam do cartaz, à entrada da piscina, como sabiam muito bem que não estavam abrangidos pela proibição escrita no cartaz.
Estranham? Admiram-se? Pois venham connosco ouvir a conversa dos pardais:
Pardal - Ricas férias, amigos! Valeu a pena voar de tão longe...
Pardalinho - As pessoas gostam de nos ver. Ainda agora uns estrangeiros repartiram comigo um queque. Estava óptimo.
Pardalão - E os que trazem comida de casa? Tenho depenicado pedacinhos maravilhosos.
Pardalinho - E não há gatos. Sim, sobretudo, não há gatos. Que paz!
Pardalão - Nem cães... Os banhistas que tragam os seus queridos animaizinhos de estimação têm de ficar à porta. Bem feito.
Pardalinho - O aviso, à entrada, é bem claro. Lembram-se do que lá vem?
Pardal, Pardalinho e Pardalão (em coro) - NÃO É PERMITIDA A ENTRADA A PESSOAS ACOMPANHADAS DE ANIMAIS.
Pardalão - Ora, como ninguém nos trouxe de companhia podemos entrar. É a nossa vantagem.
E riam-se os pardais, numa grande chilreada.
Como se vê, os pardais sabem ler e tirar as suas conclusões. Se o Joca e a mãe passarem os olhos por estas linhas, também hão-de chegar a uma conclusão. A de que não basta ler. É preciso ler sempre bem e aproveitar o mais possível o que se lê.
Os pardais ensinam.