Era uma vez uma galinha pedrês que só sabia contar até três.
Logo aconteceu nascerem-lhe quatro pintainhos.
Ela contava-os assim:
- Um... dois...três... e mais um.
- Três mais um, quatro - dizia-lhe o pato.
Mas ela não havia meio de aprender. Sempre vigilante à beira dos filhos, a pedrês ralhava:
- Não impliques com teus irmãos, Mais Um! Não queiras a comida toda para ti, Mais Um!
Ficou a chamar-se Mais Um. Frango e depois galo, como era bruto e pespontão, ganhou o nome de Mais Um, ?O Terrível".
As galinhas que o dissessem, coitadas, de crista sempre a sangrar das bicadas do tiranete. Todo o povo da capoeira o detestava. E com razão.
Mais Um, ?O Terrível", cantava de alto. Estou mesmo convencido que se não fosse ele o primeiro a alarmar os campos adormecidos com os seus gargarejos de madrugador, os restantes galos do povoado, por acanhamento, nem cantariam.
Foi o que aconteceu, ainda há pouco. Ontem, à espera da voz de comando do Mais Um, não houve galo que cantasse a alvorada. Que acontecera?
Os pombos do pombal é que espalharam a notícia:
- Morreu Mais Um às mãos da Conceição do facalhão.
- Mais Um sacrificado, em canja e em guisado...
- Lá está Mais Um no prato, duro que nem sola de sapato...
Houve um certo alívio nos galinheiros. Mas, agora me lembro que hoje os galos ainda não cantaram. Porquê? Talvez um secreto mal-estar se tenha espalhado pela criação. Imagino os galos no poleiro, cada um por si, a matutar: ?Foi-se Mais Um... Quem irá, depois?" Pensamentos destes não dão mote para cantigas.
Logo aconteceu nascerem-lhe quatro pintainhos.
Ela contava-os assim:
- Um... dois...três... e mais um.
- Três mais um, quatro - dizia-lhe o pato.
Mas ela não havia meio de aprender. Sempre vigilante à beira dos filhos, a pedrês ralhava:
- Não impliques com teus irmãos, Mais Um! Não queiras a comida toda para ti, Mais Um!
Ficou a chamar-se Mais Um. Frango e depois galo, como era bruto e pespontão, ganhou o nome de Mais Um, ?O Terrível".
As galinhas que o dissessem, coitadas, de crista sempre a sangrar das bicadas do tiranete. Todo o povo da capoeira o detestava. E com razão.
Mais Um, ?O Terrível", cantava de alto. Estou mesmo convencido que se não fosse ele o primeiro a alarmar os campos adormecidos com os seus gargarejos de madrugador, os restantes galos do povoado, por acanhamento, nem cantariam.
Foi o que aconteceu, ainda há pouco. Ontem, à espera da voz de comando do Mais Um, não houve galo que cantasse a alvorada. Que acontecera?
Os pombos do pombal é que espalharam a notícia:
- Morreu Mais Um às mãos da Conceição do facalhão.
- Mais Um sacrificado, em canja e em guisado...
- Lá está Mais Um no prato, duro que nem sola de sapato...
Houve um certo alívio nos galinheiros. Mas, agora me lembro que hoje os galos ainda não cantaram. Porquê? Talvez um secreto mal-estar se tenha espalhado pela criação. Imagino os galos no poleiro, cada um por si, a matutar: ?Foi-se Mais Um... Quem irá, depois?" Pensamentos destes não dão mote para cantigas.
António Torrado