14/02/2011

Simba e os pombos

O Simba (Gato bravo), uma vez, andava à caça.
Andou, andou muito tempo e foi ter a uma planície onde estava um bando de pombos que andavam a brincar na terra. O Simba foi muito devagarinho, pé-ante-pé… Mas os pombos tiveram muito medo, voaram e foram poisar na árvore que estava ali mais perto.
Então o Simba, com uma voz muito boa, disse: Pombos amigas, porque é que vocês têm medo ?.. Eu sou o Rei dos Simbas. Eu tenho o feitiço de matar todos os animais que fogem de mim. Posso voar mesmo como vocês. Venham cá para baixo que eu quero comer dois ou três para matar a minha fome.
Os pombos estavam com muito medo, e desceram da árvore, e o Simba comeu cinco dos mais gordinhos, deixando os outras ir embora.
No dia seguinte o Simba voltou àquele sítio, disse a mesma coisa e comeu mais cinco pombinhos dos mais gordinhos.
Durante uma semana o Simba foi todos os dias ao mesmo sítio e sempre comeu cinco pombos dos mais gordinhos.
Outro dia os pombos foram beber água a um rio e encontraram lá a Coruja, que era amiga deles. A Coruja viu que faltavam muitos pombos e perguntou onde é que eles estavam. Então o chefe do bando contou o que acontecera com o Simba. A Co ruja teve muita pena dos pombos e disse-lhes que o Simba falara mentira, êle não podia matar todos os animais que fugissem dele e também não podia voar porque não tinha asas. E depois disse-lhes que não fizessem o que o Simba dizia.
Agora o Simba. chega à planície, à mesma hora. Os pombos logo que o viram bateram as asas e foram poisar na árvore mais alta que ali estava. O Simba ficou então muito admirado. Chegou ao pé da árvore e com uma voz muito boa disse-lhes que descessem.
Mas os pombos não quiseram. Eles disseram ao Simba que já sabiam que êle não tinha o feitiço de matar todos os animais que fugissem dele, e que não podia voar porque não tinha asas.
O Simba perguntou quem é que lhes havia ensinado aquelas coisas.
— Foi a nossa amiga Coruja — respondeu o chefe.
O Simba, todo zangado, fez juramento de tirar vingança. Foi à procura da Coruja, que estava ao pé do rio, e disse-lhe:
— O’ Coruja! Que faria você agora se viesse o vento sul?
— Eu não tenho medo do vento sul porque fazia assim — e pôs-se a bater com as asas.
— Hum!… E se fosse o vento norte?
— Também não tinha medo porque fazia assim a mesma cousa — e pôs-se outra vez a bater com as asas.
Então o Simba deu um grande salto e agarrou-a! Quando o Simba tinha a Coruja agarrada, disse-lhe:
— Então você conhece-me melhor que os pombos?! Você não acredita que eu tenho feitiço? Mas agora eu agarrei você, "mamana"…
— Está bem — disse a Coruja. Você é o Sim j ba mais esperto que eu conheço. Agora você agarrou-me e pode fazer de mim o que quiser. Mas eu já aviso você: a mim ninguém me pode. comer sem primeiro chamar, de joelhos e com os olhos fechados, o espírito dos meus antepassados.
O Simba ajoelhou e fechou os olhos. A Coruja saltou-lhe para o dorso, filou-o com as garras, levantou o voo e levou-o assim pelo ar.
Quando já ia muito alto, a Coruja disse:
— Eu não quero fazer mal a você. Mas agora precisa mostrar que pode voar como eu. Vou soltar você.
E o Simba veio por aí abaixo, voltando no ar as pernas pela cabeça.


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