17/06/2011

A bola e os seus amigos



Veio uma bola pelo ar
que se pôs a saltitar
por cima deste papel.
Quem foi que lhe deu licença?

Houve um menino que a viu
e que correu a apanhá-la
ela então parou - fugir não fugiu
- e ficou à espera que o menino
com ela brincasse.
- Deixas que eu salte ao eixo?
- Pois decerto que deixo.

- E posso deitar-me sobre ti?
Não me empurras? Não me foges?
- Podes sim.
Sou bola boa. Redonda.
Não tenhas medo de mim.

Nisto, chegou-se uma menina
que perguntou:
- Esta bola é tua?
- Não sei! - respondeu o menino. - Pergunta-lhe a ela.

Falou então a bola:
- Sou vossa, de vocês dois, mas não me partam ao meio.
Era um perigo pois deixava de ser bola.
Brinquem, brinquem comigo. Não sirvo para outra coisa.
Mão de menino que em mim poisa
é mão de amigo.
Quantas mais mãos, mais amigos;
e eu, então, embora não pareça,
fico tão cheia de ar, de alegria,
que perco a cabeça.

Vieram mais meninos,
e a bola voou do chão,
andou de mão em mão
- é minha, é tua agora! -
saltou, correu, voltejou
e voou desta página para fora.


António Torrado