O sábio Na'aum fora cognominado "Hamza" pois, diante de qualquer sucesso da vida ele afirmava com inabalável confiança: "Isso também (Hamza) foi para melhor!"
Nos últimos anos de sua vida, Na'aum ficou completamente cego; suas mãos tornaram-se paralíticas; em consequência da lepra perdeu os pés e seu corpo cobriu-se de feridas. Jazia estirado no fundo do cubículo imundo de uma casa em ruínas, com as pernas mergulhadas em uma bacia d'água, para que as formigas não o atacassem. Os discípulos iam visitá-lo e voltavam impressionados com o sofrimento do sábio. Certa vez um deles não se conteve e interrogou o enfermo:
- Se sois um homem tão justo, por que vos atormentam tantos males?
- Meu filho – retorquiu o paciente – o único culpado sou eu.
E ante o incalculável espanto daqueles que o rodeavam, narrou o seguinte:
- Certa vez, ao chegar à casa de meus sogros, com três burros carregados, um de provisões, outro com água e o terceiro de frutos raros, encontrei andrajoso mendigo que implorou: "Patrão, daí-me alguma coisa para comer." Sem apiedar-me da triste situação em que se achava o infeliz, respondi desabridamente: "Espera que eu descarregue os burros!!!" Mas, antes que eu finalizasse a árdua tarefa, o homem, vencido pela fome, morreu. O crime por mim praticado revestira-se da maior perversidade, e, olhando para o corpo inanimado do mendicante, proferi, num ímpeto de remorso: "Percam a vista os meus olhos que não souberam ver e medir a tua miséria; fiquem paralíticas estas minhas mãos que não souberam levar a tempo o auxílio pedido; que sejam cortados os pés que não me conduziram pela estrada da caridade". E disse mais ainda: "Cubra-me a lepra o corpo todo".
Um dos discípulos deplorou com sincero pesar:
- É bem triste, para nós, vermos agora nosso bom mestre nesse estado!
Acudiu Na'aum, assumindo um ar de séria profundidade:
- Triste de mim, se vós não me pudésseis ver assim!
Nos últimos anos de sua vida, Na'aum ficou completamente cego; suas mãos tornaram-se paralíticas; em consequência da lepra perdeu os pés e seu corpo cobriu-se de feridas. Jazia estirado no fundo do cubículo imundo de uma casa em ruínas, com as pernas mergulhadas em uma bacia d'água, para que as formigas não o atacassem. Os discípulos iam visitá-lo e voltavam impressionados com o sofrimento do sábio. Certa vez um deles não se conteve e interrogou o enfermo:
- Se sois um homem tão justo, por que vos atormentam tantos males?
- Meu filho – retorquiu o paciente – o único culpado sou eu.
E ante o incalculável espanto daqueles que o rodeavam, narrou o seguinte:
- Certa vez, ao chegar à casa de meus sogros, com três burros carregados, um de provisões, outro com água e o terceiro de frutos raros, encontrei andrajoso mendigo que implorou: "Patrão, daí-me alguma coisa para comer." Sem apiedar-me da triste situação em que se achava o infeliz, respondi desabridamente: "Espera que eu descarregue os burros!!!" Mas, antes que eu finalizasse a árdua tarefa, o homem, vencido pela fome, morreu. O crime por mim praticado revestira-se da maior perversidade, e, olhando para o corpo inanimado do mendicante, proferi, num ímpeto de remorso: "Percam a vista os meus olhos que não souberam ver e medir a tua miséria; fiquem paralíticas estas minhas mãos que não souberam levar a tempo o auxílio pedido; que sejam cortados os pés que não me conduziram pela estrada da caridade". E disse mais ainda: "Cubra-me a lepra o corpo todo".
Um dos discípulos deplorou com sincero pesar:
- É bem triste, para nós, vermos agora nosso bom mestre nesse estado!
Acudiu Na'aum, assumindo um ar de séria profundidade:
- Triste de mim, se vós não me pudésseis ver assim!
Lenda árabe