29/06/2009

Os Três Amigos

Era uma vez três amigos que decidiram ir viajar pelo seu país fora, como na época em que esta história se passa não existiam carros tiveram que viajar a pé e durante vários dias.
O grupo de amigos era o seguinte, O Cacheira de Ferro, o mais inteligente e líder do grupo a alcunha é esta porque para qualquer lugar que ele vá leva sempre a sua cacheira, o Arranca Pinheiros, o mais forte, é lenhador tal como o seu pai dai a alcunha, e o Leite de Burra o mais fraquito do grupo que tem esta alcunha pois quando ele nasceu a mãe não tinha leite para o amamentar e tinha que lhe dar o leite que uma burra que a família tinha.
Num desses dias enquanto visitavam uma pequena aldeia decidiram ficar por lá durante alguns dias para a poderem conhecer melhor e visitar tudo o que tivesse algum interesse.
Perguntaram a um homem que encontraram no caminho se conhecia alguma casa que eles pudessem alugar para passar uns dias por lá.
O homem disse que tinha uma casa que lhes podia alugar, mas que estava assombrada.
Eles aceitaram, o Cacheira de Ferro disse que não havia problema nenhum com a assombração, que essas coisas não existem, o Arranca Pinheiros disse que eles não tinham medo e que se essa tal assombração aparecesse que ele estava lá para defender o grupo, já o Leite de Burra estava cheio de medo.
No primeiro dia em que ficaram na casa assombrada decidiram que o Leite de Burra ficava lá a cozinhar enquanto os outros dois iam dar uma volta pela terra e nos outros dias iam trocando que ficaria em casa.
Estava o Leite de Burra a fazer a sopa quando ouviu um barulho:
– Ai que eu caio, Ai que eu caio – Dizia uma voz vinda da chaminé.
Ele lembrou-se logo da assombração e disse muito assustado:
– Cai, mas não caias em cima da sopa.
Mas a assombração caiu e entornou a sopa toda, o Leite de Burra ficou ainda mais assustado e quando os dois amigos regressaram contou-lhe a história ainda a tremer.
Então no dia seguinte decidiram que quem ficavam em casa era o Arranca Pinheiros.
Estava ele a tratar do jantar quando ouviu um barulho:
– Ai que eu caio, Ai que eu caio – Dizia uma voz vinda da chaminé.
Confiante na sua força disse:
– Cai lá para veres o que te acontece.
Mais uma vez a assombração caiu e entornou toda a comida que ele tinha preparado para ele e os seus companheiros de viagem.
Quando os outros voltaram do passeio desse dia, estava o Arranca Pinheiros ainda a limpar a cozinha, contou-lhes o que se tinha passado e o Leite de Burra disse:
– Estão a ver! É melhor irmos embora desta terra e continuarmos a nossa viagem.
Mas o Cacheira de Ferro, que não é de ficar com medo, disse:
– Nem pensar! Amanhã fico cá eu e vamos ver se desta vez jantarmos!
Os outros, que estavam ainda meio amedrontados, disseram:
– Mas tem cuidado, esta assombração é mesmo perigosa.
– Não se preocupem – Disse o Cacheira de Ferro – Fico aqui bem protegido pela minha cacheira que já me ajudou muitas vezes.
No dia seguinte, estava o Cacheira de Ferro a preparar o jantar e lá voltou a voz da chaminé:
– Ai que eu caio, Ai que eu caio.
Ao que ele respondeu:
– Cai lá.
Quando a assombração caiu, o Cacheira de Ferro deu-lhe uma forte cacheirada que deixou a assombração ferida.
Quando os amigos voltaram do passeio ele contou-lhes o que se tinha passado e decidiram seguir o rasto que a assombração tinha deixado, pois estava ferida.
O rasto terminava num poço, que por ser de noite, eles não conseguiam ver o fundo. Foram ter com o dono da casa e pediram-lhe uma corda e uma sineta.
Quando voltaram para junto do poço o Cacheira de Ferro disse:
– Vamos lá ver que tipo de assombração é esta que fica ferida e foge para dentro de um poço. Leite de Burra, como és o mais levezinho és o primeiro a descer ao poço, quando estiveres com medo toca a sineta.
– Eu?! – Disse ele – Mas eu já estou com medo.
– Vá deixa-te disso – Disseram ou outros – Estamos aqui para te ajudar.
– Está bem – e atou a corda à cintura e começaram a desce-lo lentamente.
Pouco tempo depois começou a tocar a sineta, os outros puxaram-no rapidamente para cima.
– Então o que viste? – perguntou curioso o Cacheira de Ferro
– Nada, só moscas e mosquitos – respondeu o Leite de Burra
– Agora vou lá eu ver – disse o Arranca Pinheiros enquanto atava a corda à cintura.
Começaram a desce-lo e pouco tempo depois começou também ele a tocar a sineta, puxaram-no rapidamente para cima.
– Então? – perguntaram o Cacheira de Ferro e o Leite de Burra
– Nada, só moscas e mosquitos – respondeu ele.
Mais uma vez o Cacheira de Ferro, não desistiu e foi ele ver o que teria aquele poço.
Começaram a desce-lo e passados alguns metros, as moscas e mosquitos tinham desaparecido e ele conseguia ver agora um grande palácio.
Quando chegou ao fundo foi andando até à porta do palácio, foi então que viu uma linda princesa à janela, tão linda que ficou logo apaixonado.
– Ora viva bela princesa – disse ele para chama à atenção.
– Que fazes tu aqui? – disse ela com espanto.
– Vim pedi-la em casamento, pois assim que a vi fiquei completamente apaixonado.
– É melhor ires já embora antes que o grande guardião do palácio do poço aqui chega, senão, vais ter que lutar com ele.
– Não tenho medo, com a minha cacheira já derrotei muitos guardiões.
– Mas nesta luta não poderás usar a tua cacheira, será uma luta com espadas. Deves escolher a mais feia e ferrugenta já que é a única espada boa.
Ainda estavam eles a conversar quando chegou o grande guardião, quando o Cacheira de Ferro olhou para ele reconheceu-o logo.
– Então eras tu que nos andavas a assustar! Não existe nenhuma assombração.
– Queira que fossem embora para não nos chatearem, assim que o Joaquim vos alugou a casa fui lá para ver se vos mandava embora, mas já vi que não consegui, por isso vais ter que lutar comigo. Escolhe a tua espada.
– Quero a ferrugenta.
– O quê? Queres a ferrugenta, tens esta aqui limpinha e brilhante e escolhes a ferrugenta, queres perder a luta?
– Sim, quero a ferrugenta – Insistiu ele.
Começou então a luta, como o Cacheira de Ferro tinha a melhor espada conseguiu rapidamente derrotar o grande guardião. Quando a luta terminou a princesa saiu do palácio e correu para os braços do Cacheira de Ferro.
– És muito corajoso e aceito o teu pedido de casamento, graças a ti já não sou prisioneira deste terrível guardião, que não me deixava sair do palácio para nada.
Marcaram então o casamento para esse mesmo dia, a princesa mostrou ao Cacheira de Ferro a entrada secreta para o poço, ele foi lá a cima chamar os seus amigos para festa.
Desde esse dia nesta aldeia nunca mais se ouviu falar de assombrações, e no poço como estavam todos muitos felizes não se sabe se ainda lá estão hoje, pois todos os que tentaram entrar no poço só viram moscas e mosquitos.
Quem sabe se um dia alguém verá o palácio com a princesa, o Cacheira de Ferro e os seus grande amigos, Arranca Pinheiros e Leite de Burra.