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20/12/2012

Conto do JoĆ£o Jogador


Uma mulher e um homem tiveram um filho. Quando ele nasceu puseram-lhe o nome de JoĆ£o. Desde o tempo em que era pequeno atĆ© crescer, sĆ³ queria jogar cartas.
Deixou entĆ£o a casa dos pais para viajar, procurando quem quisesse jogar cartas com ele. Todos lhe chamavam JoĆ£o Jogador. Depois de ter ganho a todos dentro do seu reino, foi de reino em reino, sempre a jogar cartas. No jogo de cartas, ninguĆ©m lhe ganhava. Vivia como um rei.
Era muito vaidoso por causa disto. Um dia foi para terra estrangeira. LĆ” falou pomposamente de si mesmo, “Deixem saber que se um homem aparecer aqui para jogar eu nĆ£o lhe viro as costas, deixem saber!” Assim que ele acabou de dizer estas palavras, apareceu Ć  sua frente um gigante. O gigante disse-lhe “Amigo! EstĆ”s a desafiar-me? Eu aceito.”JoĆ£o disse-lhe “Ɖ o que desejo realmente.”
Os dois comeƧaram a jogar. No inĆ­cio, o gigante comeƧou a perder. Apostou as posses da sua casa, como ouro e prata, assim como todas as outras coisas, e tudo JoĆ£o ganhou. A seguir, apostou todas as outras posses e cavalos, os seus bĆŗfalos e porcos; JoĆ£o ganhou tudo. Depois o Gigante apostou a sua mulher, os seus filhos, os seus criados; JoĆ£o ganhou todos. NĆ£o havendo mais nada para apostar, o Gigante apostou um dos seus braƧos, depois o outro braƧo e perna e finalmente todo o corpo. Tudo JoĆ£o ganhou. SĆ³ lhe faltava a cabeƧa. Depois de pensar, o Gigante resolveu apostar a cabeƧa.
EntĆ£o o Gigante comeƧou a ganhar. Primeiro o Gigante recuperou o seu corpo. Depois ganhou de volta a sua mulher, os seus filhos, os criados de sua casa. Ganhou sucessivamente a JoĆ£o, atĆ© ele comeƧar a perder tudo o que tinha ganho nos outros reinos. NĆ£o havendo mais nada a apostar JoĆ£o apostou entĆ£o o seu corpo, que o Gigante tambĆ©m ganhou.
Depois disto, o Gigante disse a JoĆ£o “Amigo, agora Ć©s meu! Por isso, dentro de setes dias deves chegar a uma porta de ferro no meio das altas montanhas! Se nĆ£o voltares eu mesmo irei Ć  tua procura!” Dito isto o Gigante desapareceu.
JoĆ£o nĆ£o sabia bem onde ficava esta terra. Depois de ter pensado, foi perguntar Ć s pessoas. Talvez alguĆ©m soubesse onde era a terra da Alta Montanha e da Porta de AƧo, mas ninguĆ©m sabia. Pensou “Talvez o Gigante me faƧa mal, porque estĆ” quase na altura dele aparecer.”
De manhĆ£ saiu outra vez. Decidiu perguntar aos animais. Talvez algum soubesse desta terra. Os animais responderam que nĆ£o sabiam onde ficava esta terra. Enquanto falava com os animais levantou os olhos para o cĆ©u e viu uma Ć”guia voar na sua direcĆ§Ć£o. JoĆ£o perguntou-lhe “ Hoy! Amiga Ć”guia, sabes onde fica a Montanha Grande e a Porta de AƧo?”
A Ć”guia respondeu “ Sim sei! Vim agora mesmo de lĆ”!”
JoĆ£o ficou radiante. Perguntou Ć  Ć”guia se o podia levar atĆ© lĆ”. A Ć”guia disse que sim, mas essa terra era muito distante, levaria trĆŖs dias e trĆŖs noites a lĆ” chegar, por isso, seria necessĆ”rio levar provisƵes. JoĆ£o perguntou-lhe quais eram as provisƵes necessĆ”rias, ao que a Ć”guia respondeu “ Um barril de Ć”gua e um barril de carne. Avisas quando estiver tudo pronto e partiremos imediatamente.”
A Ć”guia disse-lhe, “ Bem, podemos ir jĆ”. Carregas as provisƵes e pƵes tudo em cima de mim e depois sobes. Partiram. JĆ” no ar, a Ć”guia disse-lhe “ quando eu te disser fome tu serves-me Ć”gua e quando eu te disser sede tu partes-me um pedaƧo de carne.”
Voaram tempos e tempos seguidos. De repente a Ć”guia exclamou “Estou com fome” e JoĆ£o retirou um pouco de Ć”gua que deu Ć  Ć”guia. Pouco tempo depois a Ć”guia disse “Estou com sede” e JoĆ£o cortou carne e deu-lha. Viajaram constantemente durante trĆŖs dias e trĆŖs noites. Ainda havia um pouco de Ć”gua, mas jĆ” nĆ£o havia carne. A Ć”guia sentiu que ele estava muito cansado entĆ£o disse-lhe “Estou com sede”. JoĆ£o viu que nĆ£o havia mais carne entĆ£o cortou com uma faca uma porĆ§Ć£o da sua perna e deu Ć  Ć”guia. Quando viu a carne a Ć”guia perguntou a JoĆ£o “ Que tipo de carne Ć© esta com este sangue?”
JoĆ£o respondeu “ Ɖ a minha perna, porque jĆ” acabou a carne”.
A Ć”guia respondeu “NĆ£o posso comer da tua perna. Prefiro nĆ£o comer nada. De qualquer forma ainda temos Ć”gua suficiente para chegar ao nosso destino” Pouco depois chegaram Ć  Alta Montanha e Porta de AƧo. A Ć”guia levou JoĆ£o directamente para casa do gigante no meio de uma montanha solitĆ”ria, uma casa com uma Ćŗnica porta de aƧo. Ali, JoĆ£o agradeceu muito sinceramente Ć  Ć”guia que partiu imediatamente.
Depois da Ć”guia ter partido, JoĆ£o encaminhou-se para a porta do Gigante. O prĆ³prio Gigante abriu-lhe a porta e disse-lhe “ Amigo, tens sorte! Caso contrĆ”rio, serias posto entre os meus dentes. Olha! JĆ” estava vestido para te ir procurar. SĆ³ faltava calƧar os sapatos. Entra para poderes comeƧar a trabalhar amanhĆ£!”
Depois de ter entrado, o gigante mostrou-lhe toda a casa. Por Ćŗltimo trouxe-o para um lugar por baixo do quarto da sua filha mais nova. “ Ficas aqui! AmanhĆ£, Ć s sete horas vens para ouvir as ordens.”
O gigante e a sua mulher tinham sete filhas, todas tĆ£o mĆ”s como eles os dois. SĆ³ a mais nova tinha bom coraĆ§Ć£o. Chamavam-lhe Bui Iku, mas o seu nome verdadeiro era Flor Branca. Ela tinha muito bom coraĆ§Ć£o e fazia bem a toda a gente, por causa disso lhe deram aquele nome.
ƀs sete horas JoĆ£o foi ao quarto do gigante para ouvir as ordens que lhe disse “Tenho o desejo de comer mangas maduras. AmanhĆ£ as sete horas estĆ”s aqui com as mangas senĆ£o morres.”
Depois de ouvir isto JoĆ£o partiu imediatamente Ć  procura das mangas. Procurou por todo o lado mas nĆ£o encontrou nada porque ainda nĆ£o era a estaĆ§Ć£o delas. Ɓ medida que o dia foi passando JoĆ£o preocupou-se muito e pensou que talvez no dia seguinte o gigante o fosse matar.
Durante a noite chorou e chorou e a filha mais nova ouviu-o chorar. ƀ meia-noite, quando todos estavam deitados, ela veio ao quarto dele perguntar porque estava ele a chorar. EntĆ£o ele contou-lhe o pedido que o pai lhe tinha feito e disse-lhe que durante todo o dia tinha percorrido aquela regiĆ£o Ć  procura das mangas mas que nĆ£o tinha encontrado nada, porque nĆ£o era a estaĆ§Ć£o delas. “ Talvez amanhĆ£ o teu pai me coma mesmo” Depois disto chorou com tanta forƧa que Bui Iku comeƧou tambĆ©m a chorar.
Depois disse-lhe “nĆ£o tenhas medo. Agarra esta semente de manga e planta-a no chĆ£o. Depois os dois olharam juntos a semente que ele tinha plantado no chĆ£o e esperaram. Depressa uma Ć”rvore saiu do chĆ£o dando flor, e depois deu fruto. Eles continuaram a observar a Ć”rvore. Os frutos cresceram muito atĆ© amadurecerem e cairem no chĆ£o. Depois a rapariga mandou-o apanhar a fruta e dirigiu-se para o seu quarto, mas antes avisou-o “ NĆ£o contes nada a ninguĆ©m, isto fica entre os dois”.
ƀs sete horas JoĆ£o dirigiu-se aio quarto do gigante. O gigante veio abrir-lhe a porta e disse-lhe “Tens sorte JoĆ£o! JĆ” nĆ£o vais ser posto entre os meus dentes! Basta! Podes ir. Dentro de momentos vens cĆ” para receber outra ordem. ”Ao meio-dia o Gigante chamou-o e disse-lhe “A minha mulher perdeu o seu anel de ouro no pĆ¢ntano perto da montanha. Deves ir procurĆ”-lo e amanhĆ£ Ć s sete horas trazes cĆ” o anel, caso contrĆ”rio, morres.”
JoĆ£o sabia que este pĆ¢ntano era muito grande e estava cheio de crocodilos. Ainda assim tentou lĆ” ir, no entanto os crocodilos, muito ferozes nĆ£o o deixaram aproximar e tentaram morder-lhe. JoĆ£o ao fim do dia voltou para o seu quarto e chorou baixinho, durante muito tempo. A meio da noite Bui Iku veio ao seu quarto e perguntou-lhe “JoĆ£o porque choras?” JoĆ£o entĆ£o contou-lhe o que o gigante lhe tinha pedido e como tinha em vĆ£o tentado recuperar o anel, pois os crocodilos nem sequer o tinham deixado entrar na Ć”gua. Bui Iku disse-lhe “ NĆ£o tenhas medo. Agarra o meu anel e pƵe-no no teu dedo, depois volta ao pĆ¢ntano e se algum crocodilo te quiser fazer mal mostra-lhe o meu anel. JoĆ£o voltou ao pĆ¢ntano e quando os crocodilos se dirigiram a ele, mostrou-lhes o anel fazendo com que todos se escondessem imediatamente nos seus ninhos. Entrou dentro do pĆ¢ntano e nĆ£o demorou muito a encontrar o anel perdido.
ƀs sete horas em ponto dirigiu-se ao quarto do Gigante que quando viu o anel ficou muito admirado. “A tua boa sorte persegue-te, senĆ£o comia-te. Voltas cĆ” mais tarde para receber outra ordem”. Ao meio-dia, o Gigante chamou-o e mostrando-lhe um cavalo selvagem disse-lhe “AmanhĆ£ Ć s sete horas montas este cavalo e tens que o domar”. JoĆ£o achou que seria bastante difĆ­cil pois nunca tinha domado um cavalo selvagem. Foi para o quarto pensar como deveria fazer. A meio da noite, enquanto estava absorto nos seus pensamentos, Bui Iku veio ao seu encontro. Perguntou-lhe o que o preocupava, ao que ele respondeu “AtĆ© hoje nunca domei um cavalo, e nĆ£o sei como fazĆŖ-lo”. A rapariga respondeu “JoĆ£o ouve-me, os meus pais sabem que eu sou responsĆ”vel por tudo o que fizeste atĆ© agora, entĆ£o pediram-te para domares o cavalo de forma a encontrares a morte. Mas nĆ£o te preocupes. O cavalo Ć© feito de nove de nĆ³s. O meu pai serĆ” a cabeƧa do cavalo, a minha mĆ£e serĆ” o pescoƧo do cavalo, as minhas irmĆ£s serĆ£o os lados do cavalo, e eu serei a cauda do cavalo. Assim, quando conduzires este cavalo deves-lhe dar muitas pancadas na cabeƧa, no pescoƧo, nas costas, em todo o cavalo. DĆ”-lhe uma verdadeira sova. Deves lembrar-te, nĆ£o toques na cauda do cavalo. Faz como te digo e no fim veremos!”
EntĆ£o de manhĆ£ cedo JoĆ£o foi montar o cavalo. Levou consigo uma cana e uma pequena faca. O cavalo fez tudo para o deitar abaixo, no entanto, JoĆ£o aguentou-se e bateu no cavalo com a cana e bateu ainda mais. Espetou a faca vĆ”rias vezes na cabeƧa do cavalo e nas outras partes. Lutou muito atĆ© suor preto sair do cavalo. Quando viu isto parou, porque o cavalo nĆ£o conseguia andar mais. Vendo o cavalo neste estado, JoĆ£o desmontou-o e foi para o seu quarto. Durante a noite Bui Iku veio ao seu quarto e disse-lhe “EstĆ£o todos muito doentes em minha casa. Esta Ć© a melhor altura para fugir. Vai ao estĆ”bulo e traz de lĆ” um cavalo. O cavalo que deves trazer Ć© um cavalo magro que se chama Pensamento. NĆ£o tragas o mais gordo que se chama Vento. NĆ£o te demores! Vai depressa!”
Mas quando JoĆ£o chegou ao estĆ”bulo viu que o cavalo Pensamento era mesmo muito magro e pensou que nĆ£o aguentasse com os dois. EntĆ£o trouxe o cavalo mais gordo. Quando Bui Iku o viu disse-lhe muito assustada “ NĆ£o Ć© este, o outro Ć© mais rĆ”pido”, mas JoĆ£o respondeu-lhe que achava que o outro cavalo nĆ£o aguentaria com os dois, por isso tinha trazido aquele. Bui Iku disse-lhe “ NĆ£o importa. Vamos jĆ” porque estĆ” quase a nascer o sol”. Antes de sairem, ambos puseram saliva dentro de uma casca de coco e puseram-no dentro do quarto de Bui Iku.. Depois partiram. Entretanto, o gigante chamou por Bui Iku. A saliva respondeu “Estou aqui! Estou aqui!”. Depois chamou por JoĆ£o e tambĆ©m a sua saliva respondeu “Estou aqui! Estou aqui!”. Assim continuou atĆ© ao amanhecer, atĆ© que a saliva secou. O gigante entĆ£o chamou novamente. Como se ninguĆ©m respondesse a mulher do gigante cheia de medo disse-lhe “Eles fugiram”.
O gigante mandou espreitar nos quartos que estavam vazios.
Furioso, o gigante foi a procura deles. Montou o seu cavalo Pensamento. Ele sĆ³ tinha uma coisa no pensamento, apanhĆ”-los. Bui Iku e JoĆ£o, de repente, sentiram um vento muito forte e Bui Iku disse-lhe “Temos que nos esconder, porque o meu pai vem aĆ­.” EntĆ£o Bui Iku fez o cavalo mudar de direcĆ§Ć£o e transformar-se num jardim. Transformou-se em vegetal e JoĆ£o pĆ“s-se a regar o vegetal.
Quando o gigante chegou, entrou no jardim e perguntou a JoĆ£o, sem o reconhecer, se ele tinha visto um homem e uma mulher passar, montados num cavalo, por ali. JoĆ£o, fazendo de conta que nĆ£o percebeu, respondeu-lhe que o seu vegetal era muito pequeno e nĆ£o lhe poderia vender. Achando que o homem tinha percebido mal, interrogou-o outra vez. Obteve a mesma resposta. Perguntou ainda uma terceira vez e a resposta foi a mesma. EntĆ£o o gigante voltou para casa.
Quando chegou a casa a mulher perguntou-lhe se tinha encontrado a filha e JoĆ£o. Ele disse que nĆ£o. A Ćŗnica coisa que encontrei foi um senhor NinguĆ©m, um vegetal e um jardim. Percebendo o que tinha acontecido, a mulher explicou-lhe que o jardim era o cavalo, o vegetal era a rapariga e o homem era JoĆ£o. Convenceu-o entĆ£o a voltar a sair, pois deveria encontra-los na estrada, a fugir.
EntĆ£o o gigante voltou Ć  estrada e eles sentiram o vento regressar novamente. “RĆ”pido temos que nos esconder” disse a rapariga. Bui Iku transformou o seu cavalo num tronco de palmeira . Ela transformou-se em ira e JoĆ£o comeƧou a escavar no tronco.
Entretanto o gigante chegou e perguntou-lhe “ Hoy! Amigo! Viste um homem e uma mulher a cavalo passar por aqui? JoĆ£o respondeu “NĆ£o te posso vender sumo da palmeira porque sĆ³ tenho um pouco.” EntĆ£o o gigante perguntou-lhe outra vez a mesma coisa pensando que o homem nĆ£o tinha percebido. Perguntou-lhe vĆ”rias vezes atĆ© JoĆ£o enfurecido lhe responder que nĆ£o lhe podia vender sumo de palmeira, por isso que se fosse embora!
Quando chegou a casa a mulher perguntou-lhe se tinha encontrado a filha e JoĆ£o. Ele disse que nĆ£o, que sĆ³ tinha encontrado um homem a raspar a casca de uma palmeira e contou-lhe o estranho episĆ³dio, dizendo-lhe que o homem pareceu muito zangado. Mais uma vez a mulher percebeu tudo e, explicando ao gigante, convenceu-o a voltar a procurĆ”-los.
Bui Iku e JoĆ£o continuavam a viajar e entraram nos limites de uma terra cristĆ£.
Bui Iku novamente sentiu o vento a soprar. Desta vez ela transformou o cavalo numa capela, transformou-se em sino e JoĆ£o no homem que toma conta da capela. De repente o gigante apareceu. Viu JoĆ£o e perguntou-lhe: “Hoy! Amigo! Talvez tenha visto uma mulher e um homem montados num cavalo a passar?” JoĆ£o respondeu “ Quer aceitar o cristianismo?” O gigante tornou “ NĆ£o amigo! SĆ³ lhe perguntei se viu passar por aqui uma mulher e um homem a cavalo?” JoĆ£o disse “Quer confessar-se?” E o gigante “NĆ£o!! SĆ³ perguntei se por acaso viu um homem e uma mulher a cavalo??!!” EntĆ£o JoĆ£o respondeu “VocĆŖ continua a querer perguntar, porque espera aqui?” EntĆ£o JoĆ£o tocou o sino e as pessoas duma aldeia comeƧaram a juntar-se Ć  frente da Igreja. Vendo tanta gente, o gigante resolveu voltar a casa.
Mais uma vez, contou Ć  mulher o que se tinha passado e mais uma vez ela lhe explicou quem eram na verdade o homem, o sino e a igreja. Mais uma vez o convenceu a voltar a procurar a filha e JoĆ£o. “ Mas desta vez irei contigo!!” disse a mulher.
Ditas estas palavras partiram. E JoĆ£o Jogador e Bui Iku que tinham regressado Ć  sua viagem sentiram o vento levantar-se de novo, mas desta vez acompanhado por chuva. “Talvez desta vez a minha mĆ£e tambĆ©m venha com meu pai. Acho que Ć© isso que esta chuva quer dizer.” E quase ainda nĆ£o tinha acabado de falar quando viu os pais aproximarem-se. “Bui Iko! Bui Iko!” gritou a mĆ£e. EntĆ£o Bui Iko disse a JoĆ£o “Depressa, dĆ”-me a minha garrafa de Ć”gua. A que carregamos connosco para beber.” JoĆ£o agarrou na garrafa e deu-lha. Ela abriu-a e comeƧou a despejĆ”-la no chĆ£o. De repente, a Ć”gua comeƧou a engrossar de caudal atĆ© se tornar numa ribeira cujas Ć”guas comeƧaram a empurrar tudo com violĆŖncia. O gigante e a sua mulher foram arrastados pelas Ć”guas para o mar e quando morreram, o vento parou e tambĆ©m parou a chuva.
Bui Iko e JoĆ£o continuaram a sua viagem atĆ© chegarem a uma grande cidade, nessa terra cristĆ£, onde se estabeleceram. Rapidamente, se casaram, e trabalharam para o melhoramento de todos. Cedo, todos perceberam que eles eram boas pessoas.
Passado algum tempo, o rei daquela terra morreu, e como nĆ£o tinha filhos, os homens sĆ”bios reuniram e tornaram o casal nos governantes do reino. Todos ficaram muito felizes com isto e celebraram convidando os reis dos reinos vizinhos para a festa que durou sete dias e sete noites. Muitos bĆŗfalos foram mortos durante as celebraƧƵes e quando estas acabaram Bui Iko e JoĆ£o Jogador comeƧaram a governar o reino.
Todos ficaram felizes.