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20/08/2012

O amuleto



Um granjeiro pediu certa vez a um sábio, que o ajudasse a melhorar sua granja, que tinha baixo rendimento.O sábio escreveu algo em um pedaço de papel e colocou em uma caixa, que fechou e entregou ao granjeiro , dizendo:
"Leva esta caixa para todos os lados da sua granja,três vezes ao dia, durante um ano."
Assim fez o granjeiro.Pela manhã,ao ir ao campo segurando a caixa, encontrou um empregado dormindo, quando deveria estar trabalhando.Acordou-o e chamou sua atenção.Ao meio dia, quando foi ao estábulo, encontrou o gado sujo e os cavalos sem alimentar.E à noite, indo à cozinha com a caixa , deu-se conta de que o cozinheiro estava desperdiçando os gêneros.
A partir daí , todos os dias ao percorrer sua granja, de um lado para outro, com seu amuleto , encontrava coisas que deveriam ser corrigidas.
Ao final do ano , voltou a encontrar o sábio e lhe disse :
"Deixa esta caixa comigo por mais um ano , minha granja melhorou o rendimento desde que estou com o amuleto.
O sábio riu e , abrindo a caixa disse
"Podes ter este amuleto pelo resto da sua vida."
No papel havia escrito a seguinte frase:
"Se queres que as coisas melhorem deves acompanhá-las constantemente".

Parábola árabe

15/08/2012

A bruxa e os dois ladrões


Dois ladrões lembraram-se, certa noite, de assaltar a casa de uma mulher que vivia sozinha e que, ao que lhes constava, era pessoa de grandes teres.
Julgando-a a dormir, os ladrões subiram sorrateiramente a um janelo e entraram na casa, onde vasculharam tudo o que puderam à procura de coisa que valesse a pena roubar. A dada altura, porque o barulho que faziam já era muito e a dona da casa não dava qualquer sinal, os ladrões aperceberam-se de que, afinal, não se encontrava lá mais ninguém. Podiam, por isso, roubar à vontade.
- Onde teria ela ido a estas horas? — perguntaram um para o outro.
Nisto, um deles, ao remexer por baixo do escano, junto à chaminé, encontrou uma estranha taça, com um líquido meio amarelado, que tanto podia ser azeite como podia ser mel, ou coisa parecida. E logo desconfiaram que a mulher era uma bruxa, e que, àquela hora, teria ido embogar-se a qualquer lado. A explicação estava naquela taça que tinha o óleo com que ela se untava antes de partir.
Mas a curiosidade tentou-os. Os dois ladrões resolveram untar-se também para verem o efeito, e, mal acabaram de o fazer, voaram ambos pela chaminé, indo pousar ao cimo da torre da igreja, de onde não puderam descer. Na manhã seguinte, quando as pessoas saíam de casa para o trabalho, deram pela presença dos dois homens empoleirados no campanário e todas desataram em grandes gargalhadas.
- Tirem-nos daqui! Tirem-nos daqui! — gritavam eles.
- E como diabo é que vós fostes aí parar? — perguntavam as pessoas, ao mesmo tempo que procuravam uma escada comprida para os tirarem dali.
Eles, no entanto, não deram qualquer explicação. Se o fizessem teriam de confessar que haviam estado a roubar uma casa na aldeia. E, assim, nem eles acusaram a mulher como bruxa, nem esta os acusou a eles como ladrões.


Local: Vinhais, Bragança
PARAFITA, Alexandre, O Maravilhoso Popular - Lendas, contos, mitos,
Lisboa, Plátano Editora, 2000