Era uma vez um rei, que, tendo achado no seu reino minas de oiro, empregou a maior parte dos vassalos a extrair o oiro dessas minas; e o resultado foi que as terras ficaram por cultivar, e houve uma grande fome no país.
Mas a rainha que era prudente e que amava o povo, mandou fabricar em segredo frangos, pombas, galinhas e outras iguanas, todas de oiro fino; e, quando o rei quis jantar, mandou-lhe servir essas iguanas de oiro, com que ele ficou todo satisfeito, porque não compreendeu ao princípio qual era o sentido da rainha; mas, vendo que não lhe traziam mais nada de comer, começou a zangar-se. Pediu-lhe então a rainha, que visse bem que o oiro não era alimento, e que seria melhor empregar os seus vassalos em cultivar a terra, que nunca se cansa de produzir, do que trazê-los nas minas à busca do oiro, que não mata a fome nem a sede, e que não tem mais valor de que a estimação que lhe é dada pelos homens, estimação que havia de converter-se em desprezo, logo que o oiro aparecesse em abundância.
A rainha tinha juízo.