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28/06/2009

O Rapto de Ganímedes


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Um jovem quando muito belo, despertava a paixão e o desejo de homens maduros. Ser raptado por um homem mais velho era comum em sociedades como a cretense, sendo autorizado pela lei, estabelecendo um prazo de convivência entre raptor e raptado, que cessava com a volta do jovem trazendo presentes que a lei da cidade especificava, como um boi para ser sacrificado a Zeus, em uma festa que o jovem dava, declarando publicamente se havia concordado ou não com o rapto e com o relacionamento que estabelecera com o amante. Se ao ser raptado, o jovem noivo não concordasse com o amante, ele poderia, no momento do sacrifício do boi e da festa, exigir uma reparação e desligar-se da relação. Dificilmente este fato acontecia, visto que era uma desgraça social um jovem bonito e de família abastada não possuir amante em conseqüência da sua má conduta para com quem o raptasse. Os que eram raptados tornavam-se companheiros dos seus amantes, usufruindo privilégios especiais, como usar roupas da melhor qualidade; ocupar os lugares de honra nas corridas e danças, indicando que eram especiais para os seus amantes.
A lenda do rapto de Ganímedes por Zeus, o senhor do Olimpo, legitimava o ato de raptar adolescentes, dando ao costume a ritualização religiosa necessária. Zeus, pai absoluto dos deuses e dos heróis, tem as suas lendas voltadas para os amores impetuosos que sempre teve e que o levaram a raptar e amar diversas mulheres, com as quais sempre teve filhos. Para que as suas conquistas não fossem descobertas por sua colérica e ciumenta esposa Hera (Juno), Zeus usava os mais complexos disfarces para atrair as amantes: metamorfoseou-se de touro para atrair Europa ou de Cisne para amar a bela Leda. Fugindo da função dos amores fugazes e procriadores, surge a lenda de Ganímedes, um príncipe troiano que arrebatou o coração do mais poderoso dos deuses do Olimpo, fazendo-o por um momento, amante do amor que sublimava o belo, esquecendo-se da função milenar da procriação.
Ganímedes era um príncipe troiano, que, ao despertar a puberdade no corpo e na alma, trazia uma beleza rara. Seus traços de homem-menino reluziam pelos campos aos arredores da cidade de Tróia, onde cuidava dos rebanhos do pai. Foi numa tarde de primavera, que a beleza maliciosa de Ganímedes chamou a atenção de Zeus. O senhor do Olimpo, ao avistar beleza tão sublime, foi fulminado pela paixão. Impossível resistir à graciosidade do rapaz, ao rosto ainda imberbe, a transitar entre a juventude e à idade viril. Enlouquecido pelo desejo e pela paixão, Zeus transformou-se em um águia, indo pousar junto ao jovem. Encantado pela beleza onipotente da ave, Ganímedes aproxima-se, acariciando-lhe a plumagem. Imediatamente Zeus envolve o rapaz, tomando-o pelas garras, levando-o consigo para as alturas. Cego de paixão, o senhor do Olimpo possui o jovem ali mesmo, em pleno vôo. Ganímedes após ter sido ludicamente amado por Zeus, foi levado para o Olimpo.
Ao contrário das lendas das amantes de Zeus, que após o idílio do amor, eram perseguidas pelos ciúmes de Hera ou pela ira dos pais, sofrendo até o momento do parto do filho do deus, Ganímedes, apesar da fúria de Hera, chega ao Olimpo intacto, onde é recebido com honras, assumindo o posto privilegiado de servir o néctar da imortalidade aos deuses, substituindo Hebe na função. Após servir aos deuses, Ganímedes derramava os restos sobre a terra, servindo também aos homens.



A lenda legitima os privilégios que os jovens raptados tinham ao lado dos amantes. Evita-se o castigo, comum às amantes de Zeus, mostrando que o amor de um homem mais velho com um jovem era lícito, puro e honroso. Ganímedes é hoje um dos satélites do planeta Júpiter, uma homenagem ao mito.