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24/08/2011

O leão que vai à guerra



Tendo o leão na ideia certa empresa,
Fez conselho de guerra;
E a todos animais mandou aviso
Por seus régios alcaides.
Cada um, por seu teor, entrou no alvitre:
Às costas o elefante
Levar quantos petrechos importasse,
E pelejar, como usa;
Para os assaltos, o urso, aparelhar-se;
Engenhar-se o raposo
A ter inteligências no inimigo,
E diverti-lo o mono
Com suas mogigangas. Alguém disse
Que despedidos fossem,
Por boto o burro, e por medrosa a lebre.
«Oh, não! – disse o monarca –
Quero empregá-los: nem completo fora
Sem eles nosso exército.
De trombeta, que espante, sirva o burro;
E a lebre de correio.»
Do mais ténue vassalo o rei prudente
Tirar proveito sabe:
Todo o talento emprega; nada é inútil,
Onde o bom senso lavra.


tradução de Filinto Elísio