Há muitos anos atrás na ilha do Pico, em todas as freguesias, havia grande devoção ao Espírito Santo e as pessoas faziam-lhe muitas promessas quando estavam aflitas ou agradecidas. Não eram ricos, mas viviam, na sua maioria, do que lhes davam as terras. Tinham de trabalhar durante anos para poder pagar o açúcar e a farinha para o pão doce e o das sopas, porque a carne e o vinho eram produto da sua lavra.
Carne não comiam senão pelo Natal, Páscoa e Espírito Santo e era de galinha, mas engordavam um boi três ou quatro anos para que no dia do gasto houvesse abundância.
Guardavam sempre uma barrica do melhor vinho, mas, quando o ano era mau, havia que comprá-lo e o dinheiro escasseava.
Uma vez, um homem de S. Caetano tinha prometido dar um gasto ao Senhor Espírito Santo naquele ano. Mas o tempo foi mau, nasceram poucas uvas, muitas perderam-se ou não se desenvolveram e, quando chegou ao tempo da vindima, o homem não conseguiu sequer encher um cesto com cachos que, para cúmulo, eram raquíticos e pouco sumarentos.
Ficou muito preocupado e aqueles dias de vindima não tiveram a alegria habitual porque não teria vinho para dar às pessoas no dia do jantar e não tinha dinheiro para o comprar.
Mesmo assim esmagou as uvas com todo o cuidado, deixou-as fermentar e pôs o mosto no fundo da barrica.
Passados dias, quando estava em casa a jantar, um vizinho chamou-o da rua e disse-lhe:
— Ó compadre, vai à adega que tens uma barrica a derramar. Passei por lá e cheirava poderes cá fora a vinho.
O homem ficou muito admirado, não acreditou, pois só tinha posto vinho numa barrica e esta nem meia tinha ficado. Era impossível que estivesse a deitar por fora, a não ser que, por qualquer razão, estivesse a vazar.
Levantou-se e foi logo para a adega, e ia a tremer como varas verdes, pensando que se calhar o pouco vinho que tinha lá já estava no chão e ia encontrar a barrica vazia.
Quando chegou, sentiu realmente cheiro a vinho e, ao abrir a porta, ficou espantado com o que viu. A barrica estava a botar por fora.
Ficou muito satisfeito por ter abundância de vinho para pagar a sua promessa. Como tava com os bofes a sair pela boca fora, sentou-se e bebeu logo ali uma teladeira de vinho do que Nosso Senhor lhe tinha deparado. Dizia, depois, a todos que tinha sido um milagre do Senhor Espírito Santo.
Carne não comiam senão pelo Natal, Páscoa e Espírito Santo e era de galinha, mas engordavam um boi três ou quatro anos para que no dia do gasto houvesse abundância.
Guardavam sempre uma barrica do melhor vinho, mas, quando o ano era mau, havia que comprá-lo e o dinheiro escasseava.
Uma vez, um homem de S. Caetano tinha prometido dar um gasto ao Senhor Espírito Santo naquele ano. Mas o tempo foi mau, nasceram poucas uvas, muitas perderam-se ou não se desenvolveram e, quando chegou ao tempo da vindima, o homem não conseguiu sequer encher um cesto com cachos que, para cúmulo, eram raquíticos e pouco sumarentos.
Ficou muito preocupado e aqueles dias de vindima não tiveram a alegria habitual porque não teria vinho para dar às pessoas no dia do jantar e não tinha dinheiro para o comprar.
Mesmo assim esmagou as uvas com todo o cuidado, deixou-as fermentar e pôs o mosto no fundo da barrica.
Passados dias, quando estava em casa a jantar, um vizinho chamou-o da rua e disse-lhe:
— Ó compadre, vai à adega que tens uma barrica a derramar. Passei por lá e cheirava poderes cá fora a vinho.
O homem ficou muito admirado, não acreditou, pois só tinha posto vinho numa barrica e esta nem meia tinha ficado. Era impossível que estivesse a deitar por fora, a não ser que, por qualquer razão, estivesse a vazar.
Levantou-se e foi logo para a adega, e ia a tremer como varas verdes, pensando que se calhar o pouco vinho que tinha lá já estava no chão e ia encontrar a barrica vazia.
Quando chegou, sentiu realmente cheiro a vinho e, ao abrir a porta, ficou espantado com o que viu. A barrica estava a botar por fora.
Ficou muito satisfeito por ter abundância de vinho para pagar a sua promessa. Como tava com os bofes a sair pela boca fora, sentou-se e bebeu logo ali uma teladeira de vinho do que Nosso Senhor lhe tinha deparado. Dizia, depois, a todos que tinha sido um milagre do Senhor Espírito Santo.