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10/09/2008

Dia de festa


O leão mandou avisar aos demais animaizinhos que decidira não mais deixar que ninguém comece manga em seu território. Essa fruta seria reservada para si próprio. Descontente com a situação, o coelho resolveu dar uma lição no rei. Aproximou-se da cerca que rodeava a casa do leão e começou a gritar por socorro. Quando os guardas vieram perguntar-lhe o que acontecia, ele respondeu que tinha um comunicado a fazer ao rei-leão. Os guardas acharam muito engraçado, mandando que o coelho ir-se embora, pois o leão jamais o receberia. Então, o coelho pediu que os guardas o amarrassem em uma árvore, pois viria uma tempestade tamanha que não deixaria nada no lugar. Os guardas foram depressa anunciar ao rei o que fora dito pelo coelho e o leão resolveu ir até o coelho para saber da veracidade da história. O coelho disse-lhe que poderia lhe cortar os olhos e extrair-lhe a língua caso não fosse verdade. Convencido, o leão ordenou que o amarrassem primeiro. Os guardas também pediam uns aos outros para se amarrarem. O coelho, fingido, dizia estar aflito, pois não sobraria ninguém para amarrá-lo. O último guarda ordenou ao coelho que o amarrasse, o que ele fez imediatamente. Estando o rei e seus guardas amarrados, o coelho comeu todas as mangas que quis. O rei, ao perceber a esperteza do bichinho, jurou vingança. Com sentimentos de revanche, promoveu uma festa e convidou todos os bichos da floresta, a fim de capturar o coelho. Este, que não era bobo, pediu ao peru que lhe emprestasse suas penas e ao faisão que lhe emprestasse a carapuça. Ao chegar à festa do leão, entrou sem que os guardas desconfiassem. Quando o leão lhe perguntou quem era, o coelho respondeu ser o filho do Céu e da Terra. O rei sentiu-se muito honrado com presença tão ilustre, e recomendou que lhe dessem o melhore tratamento. Ao final, como estivesse embriagado, o coelho adormeceu e a carapuça caiu. Ao ver aquilo, a mulher do leão avisou o marido, que cercou a casa com seus guardas e cães. Sabendo que não tinha muitas chances de escapar, o coelho encheu um saco com ossos e escapou por uma janela. Ao ser perseguido pelos cães, ele ia jogando os ossos pelo caminho para distraí-los. Entretanto, um dos cães não deu importância para os ossos e continuou a persegui-lo. O bichinho, que não tinha mais forças para fugir, escondeu-se em um buraco. Todavia, o cão enfiou uma das mãos segurando a pata do coelho. Este, fingindo achar graça, disse que o parvo havia pegado uma raiz pensando ser a sua perna. O cão soltou, pensando ser verdade, e o coelho fugiu.


Conto Moçambicano