No lugar de Barbeita, vivia um conde poderoso e a sua linda irmã Margarida. A jovem tinha muitos pretendentes mas rejeitava-os a todos. Estranhando este facto, o irmão quis saber a razão desta atitude. Margarida revelou-lhe que tinha um amor secreto e também uma rival. A rival era, nem mais nem menos, D. Aldonça, a jovem que estava prometida ao seu irmão. O nome do homem que amava era Abul Wali, um mouro que em breve viria falar com o conde. Abul estaria disposto a tornar-se cristão para desposar Margarida. Margarida avisou o irmão que a sua prometida, D. Aldonça, também amava o mouro e tudo faria para evitar que Abul casasse com ela.
A chegada de Abul provocou grande sensação: era jovem, belo e de tez morena, inteligente e elegante. Queria casar com Margarida mas precisava de uma prova divina que o convencesse a tornar-se cristão. A amada falou-lhe da sua devoção por Santiago e do quanto ela tinha rezado para que Abul viesse em breve juntar-se-lhe. Então Abul prometeu-lhe que se converteria se algum dia visse um milagre.
Os ciúmes do conde eram tão grandes quanto a felicidade de Margarida, a quem Abul dedicava a sua total atenção. Aproveitando-se da situação, D. Aldonça convenceu o conde de que o mouro a tinha ofendido. Atiçado pelo ciúme provocado pela intriga da sua prometida, o conde virou o povo contra Abul que teve de fugir. Cansado, parou junto de uma fonte para beber água e, lembrando-se da grande devoção de Margarida para com Santiago, evocou a sua ajuda prometendo-lhe a sua conversão ao cristianismo.
O povo tinha acabado de cercar o mouro, quando da multidão surgiu o conde que os impediu de avançarem dizendo que Abul era já um convertido. Para sua surpresa, o conde perguntou-lhe se era verdade aquilo que Abul lhe tinha mandado dizer por um velho cavaleiro. Abul disse-lhe que apenas tinha prometido a sua conversão a Santiago. O conde apercebeu-se de que o cavaleiro tinha sido o próprio Santiago e abraçou Abul, dando-lhe a mão da sua irmã.
Em sinal de agradecimento, Abul mandou colocar naquele local um padrão com a imagem de Santiago que ainda hoje lá se encontra.