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02/06/2011

O homenzinho na orelha

Tan Jinxuan, trabalhava na subprefeitura de Zichuan, na província de Shandong, depois de ser aprovado nos exames de primeiro grau para funcionário público. Ele era taoísta e praticava exercícios respiratórios sempre que podia, mesmo quando fazia muito frio ou muito calor. Depois de muitos meses, achava que os exercícios de controle de respiração estavam lhe fazendo bem.
Um dia, pouco depois de se preparar para a meditação, escutou saindo de seu ouvido uma voz muito fina, tão fina que parecia a de uma mosca:
- Dá pra ver!
Tan Jinxuan abriu os olhos, mas não viu nada. Fechou-os novamente, prendeu a respiração, e os cochichos recomeçaram. Ele achou que esses cochichos eram um sinal de que seria imortal, e ficou muito contente com disso.
A partir desse dia, começou a ouvir essa voz logo que se sentava para meditar. E ficava ali, calado, esperando que a criatura de seu ouvido recomeçasse a cochichar, para descobrir como ela era.
Uma vez, como escutou de novo o cochicho, perguntou:
- Dá pra ver?
Sentiu imediatamente uma cosquinha na orelha, como se estivesse saindo alguma coisa de seu ouvido. Num lance, percebeu que era um homenzinho, de mais ou menos dez centímetros, e de aspecto tão repugnante como o de um yaksa, o demônio de origem indiana. Maravilhado com as cambalhotas que o homúnculo dava no chão, Tang concentrava toda a sua atenção nesses movimentos, quando, de repente, ouviu um vizinho bater à porta, certamente para pedir alguma coisa emprestada. Com esse barulho, o homúnculo entrou em pânico, correu de um lado para outro, como um rato em fuga que volta para a sua toca.
Sem fôlego, Tan nem conseguiu perceber para onde a criaturinha tinha corrido. E nesse instante mesmo caiu num estado de demência, gritando e chorando sem parar, só se curando seis meses depois, com um tratamento à base de poções com ervas colhidas no alto da montanha.