Há muitos anos atrás, havia um casal que vivia na zona onde hoje é a Caldeira. Era uma família de posses, com a sua casa e muitos animais domésticos, como era costume então nas casa de campo: vacas, cabras, galinhas e galos, os quais ou ajudavam no trabalho do campo ou davam matérias primas para o vestuário ou serviam de alimento.
Era uma alegria ouvir o galo cantar durante a madrugada, quando a paz alastrava pelos campos, a lua coalhava a casa de uma luz suave e os restantes animais descansavam, espalhaddos pela serra.
Mas, um certo dia, a horas estranhas, o galo começou a cantar de maneira diferente e com insistência, o que chamou a atenção de Maria, a dona da casa. Cantou assim durante três dias e, escutando bem, percebia-se o que o galo dizia em som estridente:
-Foge, foge! Foge!
Maria compreendeu aquilo como um aviso e insistiu com o marido para que saíssem dali. Ele porém, não acreditou no que a mulher lhe dizia e recusou-se a que deixassem a sua casa e os seus bens. Ficaram, por obediência ao homem que era o chefe de família. Mas Maria tinha a certeza de que alguma coisa iria acontecer.
Passados alguns dias, a terra começou a tremer. Botou de si para fora um mar de fogo, lava e pedras. A paisagem ficou totalmente alterada. No lugar onde rebentou o vulcão apareceu a Caldeira e no sítio da casa de Maria formou-se uma furna. Toda a família desapareceu e Maria, que tinha acreditado no aviso, ali ficou encantada para todo o sempre com as suas trêrs filhas: Roda, Maria e Madalena.
No facho, um monte que faz parte da Serra da Caldeira, Maria apascentou os seus rebanhos. Protegia muito bem os seus animais e, sempre que se ouviam latidos, Maria Encantada descia da serra, vestida de trapos, toda esgadelhada, para correr com os cães que lhe queriam comer as ovelhas.
Maria Encantada também tinha as suas galinhas que eram as gaivotas, segundo dizia a rapaziada dos Fenais e de outras zonas do lado nascente da ilha Graciosa. Ninguém se atrevia a tocar-lhes com medo.
Muitas vezes a criançada, receosa, abeirava-se da furna e atirava pedras lá para dentro. Então ouvia-se um som de cacos: era a louça da Maria a quebrar-se. Mas como castigo, as crianças, que percorriam descalças os carreiros que conduziam à serra, davam topadas e feriam os dedos dos pés nas balas de Maria Encantada.
Às vezes, quando o tempo estava bom e o sol quentinho, via-se estendida a roupa que Maria lavava.
Para se alimentarem, Maria Encantada cozia o seu pão e, nessas ocasiões, a Caldeira aparecia toda coberta pelo fumo do queimar da lenha.
Quem não tiver medo pode, ainda hoje, entrar na Furna da Maria Encantada, indo pela Canada da Furna à direita, antes de chegar ao túnel que dá acesso à Caldeira. Aí verá muitos vestígios dos objectos que ela usou, tais como a pá do forno e a peneira, decalcadas no tecto de pedra.
Era uma alegria ouvir o galo cantar durante a madrugada, quando a paz alastrava pelos campos, a lua coalhava a casa de uma luz suave e os restantes animais descansavam, espalhaddos pela serra.
Mas, um certo dia, a horas estranhas, o galo começou a cantar de maneira diferente e com insistência, o que chamou a atenção de Maria, a dona da casa. Cantou assim durante três dias e, escutando bem, percebia-se o que o galo dizia em som estridente:
-Foge, foge! Foge!
Maria compreendeu aquilo como um aviso e insistiu com o marido para que saíssem dali. Ele porém, não acreditou no que a mulher lhe dizia e recusou-se a que deixassem a sua casa e os seus bens. Ficaram, por obediência ao homem que era o chefe de família. Mas Maria tinha a certeza de que alguma coisa iria acontecer.
Passados alguns dias, a terra começou a tremer. Botou de si para fora um mar de fogo, lava e pedras. A paisagem ficou totalmente alterada. No lugar onde rebentou o vulcão apareceu a Caldeira e no sítio da casa de Maria formou-se uma furna. Toda a família desapareceu e Maria, que tinha acreditado no aviso, ali ficou encantada para todo o sempre com as suas trêrs filhas: Roda, Maria e Madalena.
No facho, um monte que faz parte da Serra da Caldeira, Maria apascentou os seus rebanhos. Protegia muito bem os seus animais e, sempre que se ouviam latidos, Maria Encantada descia da serra, vestida de trapos, toda esgadelhada, para correr com os cães que lhe queriam comer as ovelhas.
Maria Encantada também tinha as suas galinhas que eram as gaivotas, segundo dizia a rapaziada dos Fenais e de outras zonas do lado nascente da ilha Graciosa. Ninguém se atrevia a tocar-lhes com medo.
Muitas vezes a criançada, receosa, abeirava-se da furna e atirava pedras lá para dentro. Então ouvia-se um som de cacos: era a louça da Maria a quebrar-se. Mas como castigo, as crianças, que percorriam descalças os carreiros que conduziam à serra, davam topadas e feriam os dedos dos pés nas balas de Maria Encantada.
Às vezes, quando o tempo estava bom e o sol quentinho, via-se estendida a roupa que Maria lavava.
Para se alimentarem, Maria Encantada cozia o seu pão e, nessas ocasiões, a Caldeira aparecia toda coberta pelo fumo do queimar da lenha.
Quem não tiver medo pode, ainda hoje, entrar na Furna da Maria Encantada, indo pela Canada da Furna à direita, antes de chegar ao túnel que dá acesso à Caldeira. Aí verá muitos vestígios dos objectos que ela usou, tais como a pá do forno e a peneira, decalcadas no tecto de pedra.
Açores (Graciosa)