Barão de Paranapiacaba ( trad.)
(1827-1915)
(1827-1915)
Na límpida corrente de um ribeiro
Mata a sede um cordeiro.
Chega um lobo em jejum que a fome atiça,
A farejar carniça.
Ousas turvar-me as águas, malcriado?
(Uiva o lobo irritado.)
CORDEIRO
Rogo, senhor, a Vossa Majestade,
E com toda a humildade,
Que não se zangue com seu pobre servo;
Pois, respeitoso, observo
Que embaixo e no declive estou bebendo,
E a água vem descendo.
Turvas (retruca o bárbaro animal);
Demais, falaste mal,
Há seis meses, de mim.
CORDEIRO
Não é verdade;
Conto só três de idade;
Não tinha inda nascido.
LOBO
Pois então
Falou um teu irmão.
CORDEIRO
Não o tenho
LOBO
Foi um dos teus parentes,
Que me têm entre dentes;
E eu vingo-me de vós - cães e pastores
Que sois tão faladores.
Disse, e sobre o cordeiro se despenha
E o conduz para a brenha,
Onde o come do mato no recesso,
Sem forma de processo.
Moral: a razão do mais forte predomina