Era uma vez... um corvo muito bobo e convencido que voou para bem longe e foi parar no mar.
Exausto de tanto bater as asas, procurou um lugar para descansar mas não avistou nenhum pedaço de terra no meio de toda aquela água.
"Vou morrer afogado" - suspirou, já sem forças para continuar voando.
Nesse exacto momento uma enorme baleia subiu à tona, e o corvo, sem pensar duas vezes, mergulhou naquela bocarra aberta.
Foi parar na barriga da baleia, onde, para seu espanto, deparou-se com uma casa muito limpa e confortável, bem iluminada e quentinha.
Uma jovem estava sentada na cama, segurando uma lanterna.
- Fique à vontade - disse ela amavelmente - mas, por favor, nunca toque em minha lanterna.
O corvo, feliz da vida, prometeu que jamais faria tal coisa. A moça parecia inquieta. A todo instante se levantava, ia até a porta e voltava a sentar na cama.
- Algum problema? - o corvo perguntou.
- Não... - ela respondeu - é só a vida... a vida e o ar que se respira.
O corvo estava morrendo de curiosidade. Assim, quando a jovem foi até a porta, resolveu tocar na lanterna para ver o que acontecia. E aconteceu que a moça caiu estatelada na sua frente e a luz se apagou.
O mal estava feito. A casa ficou fria e escura, o cheiro de gordura e sangue deixou o corvo enojado. Inutilmente ele procurou a porta para sair dali e, cada vez mais nervoso, começou a se coçar de tal modo que arrancou todas as penas.
- Agora é que vou morrer congelado - choramingou, tremendo até os ossos.
A moça era a alma da baleia, que a impelia para a porta toda vez que enchia os pulmões de ar.
Seu coração era a lanterna acesa.
Quando o corvo a tocou, a chama se extinguiu. Agora a baleia estava morta e guardava em seu interior o pássaro intrometido.
Depois de muito chorar e pensar, o corvo finalmente conseguiu sair das escuras entranhas e sentou no dorso daquele imenso defunto.
Ensebado, sujo, depenado, era uma tristíssima figura.
A baleia morta ficou flutuando no mar até que desabou uma tempestade e as ondas a empurraram para a praia.
Quando a chuva parou, alguns pescadores saíram para trabalhar e viram a baleia.
O corvo também os viu e se transformou num homenzinho frio e estropiado.
Então, em vez de confirmar que se intrometera onde não fora chamado e destruíra algo belo que não conseguira compreender, pôs-se a gritar:
- Eu matei a baleia! Matei a baleia!
E assim... se tornou um grande homem entre seus pares.
Exausto de tanto bater as asas, procurou um lugar para descansar mas não avistou nenhum pedaço de terra no meio de toda aquela água.
"Vou morrer afogado" - suspirou, já sem forças para continuar voando.
Nesse exacto momento uma enorme baleia subiu à tona, e o corvo, sem pensar duas vezes, mergulhou naquela bocarra aberta.
Foi parar na barriga da baleia, onde, para seu espanto, deparou-se com uma casa muito limpa e confortável, bem iluminada e quentinha.
Uma jovem estava sentada na cama, segurando uma lanterna.
- Fique à vontade - disse ela amavelmente - mas, por favor, nunca toque em minha lanterna.
O corvo, feliz da vida, prometeu que jamais faria tal coisa. A moça parecia inquieta. A todo instante se levantava, ia até a porta e voltava a sentar na cama.
- Algum problema? - o corvo perguntou.
- Não... - ela respondeu - é só a vida... a vida e o ar que se respira.
O corvo estava morrendo de curiosidade. Assim, quando a jovem foi até a porta, resolveu tocar na lanterna para ver o que acontecia. E aconteceu que a moça caiu estatelada na sua frente e a luz se apagou.
O mal estava feito. A casa ficou fria e escura, o cheiro de gordura e sangue deixou o corvo enojado. Inutilmente ele procurou a porta para sair dali e, cada vez mais nervoso, começou a se coçar de tal modo que arrancou todas as penas.
- Agora é que vou morrer congelado - choramingou, tremendo até os ossos.
A moça era a alma da baleia, que a impelia para a porta toda vez que enchia os pulmões de ar.
Seu coração era a lanterna acesa.
Quando o corvo a tocou, a chama se extinguiu. Agora a baleia estava morta e guardava em seu interior o pássaro intrometido.
Depois de muito chorar e pensar, o corvo finalmente conseguiu sair das escuras entranhas e sentou no dorso daquele imenso defunto.
Ensebado, sujo, depenado, era uma tristíssima figura.
A baleia morta ficou flutuando no mar até que desabou uma tempestade e as ondas a empurraram para a praia.
Quando a chuva parou, alguns pescadores saíram para trabalhar e viram a baleia.
O corvo também os viu e se transformou num homenzinho frio e estropiado.
Então, em vez de confirmar que se intrometera onde não fora chamado e destruíra algo belo que não conseguira compreender, pôs-se a gritar:
- Eu matei a baleia! Matei a baleia!
E assim... se tornou um grande homem entre seus pares.
Neil Philip