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17/07/2010

Dom Heleno



Estão a ver um cavaleiro, daqueles de armadura, espada e lança, sempre prontas para o bom combate, em defesa dos mais fracos?
Chama-se Heleno, Dom Heleno e o seu fiel cavalo é o Valdevinos.
Quando esta história começa, apronta-se Dom Heleno para mais um torneio de vida ou de morte, desta vez contra um gigante cabeçudo que amedrontava os povoados.
Temos, assim, de uma banda o cavaleiro Heleno, montado no Valdevinos, e da outra banda, a pé, empunhando um enorme cacete, o gigante, a rir-se da insignificância do adversário.
Heleno investe, de lança apontada aos joelhos do gigante, que a mais alto não consegue chegar. O gigante sarilha a moca e zás! Só com a deslocação do vento, o cavaleiro solta-se do cavalo e cai no chão.
Vitória assegurada para o gigante, que continuaria a amedrontar os pobres camponeses das aldeias ao redor.
Já está o gigante debruçado sobre a sua vítima, pronto a assentar-lhe uma última cacetada. Que desgraça!
Mas o cavalo Valdevinos, liberto do peso do cavaleiro, vem por trás e ferra uma gigantesca dentada na canela do gigante cabeçudo.
- Irra! - grita o gigante entre outras palavras adequadas à dor que sentira.
O gigante levanta o pé, para perceber o que lhe sucedera, e, nessa oportunidade, o cavaleiro Dom Heleno, recomposto da queda, atira-lhe a lança à barriga da perna, que sustinha o gigante.
- Arre! - grita o gigante entre outras palavras de mais peso.
Com as duas pernas feridas, o gigante desequilibra-se e cai. Ora um gigante caído é um gigante vencido, para mais cabeçudo e trangalhadanças.
Prontamente amarrado pelos camponeses que assistiam à luta, visivelmente o perigo que ele representava tinha passado. Claro que houve festa, onde Heleno foi aclamado o maior herói de toda a história da cavalaria.
Terminada a festa e de novo a caminho sobre a sua fiel montada, Dom Heleno comenta de si para si:
- Esta foi uma das minhas mais memoráveis vitórias.
Valdevinos ouve e cala, mas ri-se, mostrando os seus grandes dentes, os dentes com que ferrara a dentada decisiva no calcanhar do gigante.


António Torrado