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28/06/2012

Palácio Nacional de Sintra



No Palácio Nacional de Sintra existe uma sala cujo o tecto esta pintado com diversos desenhos de pegas.

Diz-se que o rei e a rainha que lá viviam nessa época fizeram casar mais de um cento de mulheres, entrando na conta as que ele próprio casou também, seguindo tão bons exemplos. Não havia uma ligação ilícita, nem um adultério conhecido. A corte era uma escola. D. Filipa, pregando ao peito o seu véu de esposa casta, com os olhos levantados ao céu, não perdoava. Terrível, na sua mansidão, trazia o marido sobre espinhos.
Certo dia, segundo reza a lenda, em Sintra, o rei esqueceu-se, e furtivamente pregava um beijo na face de uma das aias, quando apareceu logo, acusadora e grave, sem uma palavra, mas com um ar medonho, a rainha casta e loura. D. João, enfiado, titubeando, disse-lhe uma tolice: "Foi por bem!!!". A rainha saiu solenemente. Eram ciúmes? Não, ciúmes só sente quem está apaixonado, e não era o caso. Apenas sentia o seu orgulho ferido.
Rapidamente a notícia se espalhou pelo palácio, e toda a criadagem andava com a frase "Foi por bem" na boca. Chateado com a situação, o rei decidiu tomar uma iniciativa, mandou construir uma sala para a criadagem. Todos ficaram radiantes e contando os dias que faltavam para a sala estar pronta.
Finalmente chegou o dia, iam conhecer a sala. Qual não foi o espanto de todos ao verem que o tecto de tal sala estava todo pintado com pegas, que tinham escrito no bico "Pour Bien". (traduza-se por bem).
Esse palácio nacional é rodeado de jardins, um deles é o jardim da Lindaria.
Reza a lenda que esse jardim era o local onde as mouras vinham, ao sair do banho, respirar a frescura do ar e o perfume embalsamado das flores. Uma dessas mouras enfeitiçou-se de amores por um cristão que ali escondido as observava. Seu marido, ao descobrir, matou-a. E dizem que ainda hoje, todas as noites a moura volta ao jardim em busca do cristão por quem se apaixonou.

17/06/2012

A cerca dos mouros

Vila Verde da Raia é uma povoação fronteiriça que também faz parte do Concelho de Chaves.
Tem muitas histórias rocambolescas de contrabandistas para contar:
uma espécie de jogo do gato e do rato entre polícias e ladrões, como quem diz, entre guardas fiscais e contrabandistas.
Mas essas histórias, algumas bem engraçadas, outras bem dramáticas, que dariam pano para muitas mangas, não são agora para aqui chamadas.
Para aqui chamada, neste momento, é a lenda da Cerca dos Mouros.
A Cerca dos Mouros é uma espécie de fortaleza que existe perto daquela povoação, formada por pedras lousas, colocadas a esmo, duma forma tosca, que mais parece obra da natureza do que trabalho dos homens.
O seu perímetro tem uma superfície de cerca de cem metros quadrados.
Desconhece-se a verdadeira história da sua origem.
Mas o povo não tem dúvidas: é uma obra feita pelos mouros que ali se refugiaram e por lá se deixaram ficar.
Para melhor se defenderem, construíram essa fortaleza. E, para poderem resistir aos cercos prolongados, cavaram minas subterrâneas, através das quais, podiam entrar e sair, sem serem descobertos, à procura de água e de alimentos.
Quando as guerras terminaram, entregaram-se à tarefa de derreter o oiro, que possuíam em grande quantidade.
Com ele, construíram teares que trabalham, dia e noite, no fabrico de vestuário, também de oiro.
Outrora, quem passava por lá perto, de dia ou de noite, podia ouvir distintamente o tim-tim dos martelos nas bigornas e o truque-truque das lançadeiras nos teares.
Agora, já nada disso se ouve, mas os mouros lá continuam a manipular o seu oiro, embora de uma maneira silenciosa.
Resta acrescentar que, ao contrário do que se passou noutros lugares, o povo de Vila Verde da Raia nunca tentou desenterrar esse tesoiro.
Contenta-se em saber que tem na sua cerca uma grande fortuna enterrada.



16/06/2012

O leão e o coelho

O leão mandou avisar aos demais animaizinhos que decidira não mais deixar que ninguém comesse manga em seu território. Essa fruta seria reservada para si próprio.
Descontente com a situação, o coelho resolveu dar uma lição no rei. Aproximou-se da cerca que rodeava a casa do leão e começou a gritar por socorro. Quando os guardas vieram perguntar-lhe o que acontecia, ele respondeu que tinha um comunicado a fazer ao rei-leão. Os guardas acharam muito engraçado, mandando que o coelho ir-se embora, pois o leão jamais o receberia. Então, o coelho pediu que os guardas o amarrassem em uma árvore, pois viria uma tempestade tamanha que não deixaria nada no lugar.
Os guardas foram depressa anunciar ao rei o que fora dito pelo coelho e o leão resolveu ir até o coelho para saber da veracidade da história. O coelho disse-lhe que poderia lhe cortar os olhos e extrair-lhe a língua caso não fosse verdade. Convencido, o leão ordenou que o amarrassem primeiro. Os guardas também pediam uns aos outros para se amarrarem. O coelho, fingido, dizia estar aflito, pois não sobraria ninguém para amarrá-lo. O último guarda ordenou ao coelho que o amarrasse, o que ele fez imediatamente.
Estando o rei e seus guardas amarrados, o coelho comeu todas as mangas que quis.
O rei, ao perceber a esperteza do bichinho, jurou vingança. Com sentimentos de revanche, promoveu uma festa e convidou todos os bichos da floresta, a fim de capturar o coelho. Este, que não era bobo, pediu ao peru que lhe emprestasse suas penas e ao faisão que lhe emprestasse a carapuça. Ao chegar à festa do leão, entrou sem que os guardas desconfiassem. Quando o leão lhe perguntou quem era, o coelho respondeu ser o filho do Céu e da Terra.
O rei sentiu-se muito honrado com presença tão ilustre, e recomendou que lhe dessem o melhore tratamento. Ao final, como estivesse embriagado, o coelho adormeceu e a carapuça caiu. Ao ver aquilo, a mulher do leão avisou o marido, que cercou a casa com seus guardas e cães. Sabendo que não tinha muitas chances de escapar, o coelho encheu um saco com ossos e escapou por uma janela. Ao ser perseguido pelos cães, ele ia jogando os ossos pelo caminho para distraí-los. Entretanto, um dos cães não deu importância para os ossos e continuou a persegui-lo. O bichinho, que não tinha mais forças para fugir, escondeu-se em um buraco. Todavia, o cão enfiou uma das mãos segurando a pata do coelho. Este, fingindo achar graça, disse que o parvo havia pegado uma raiz pensando ser a sua perna. O cão soltou, pensando ser verdade, e o coelho fugiu.

Conto de Moçambique