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14/02/2011

A Gata e Afrodite

Uma gata que se apaixonara por um fino rapaz pediu a Afrodite para transformá-la em mulher. Comovida por tal paixão, a deusa transformou o animal numa bela jovem. O rapaz a viu, apaixonou-se por ela e a desposou. Para ver se a gata havia se transformado completamente em mulher, Afrodite colocou um camundongo no quarto nupcial.
Esquecendo onde estava, a bela criatura foi logo saltando do leito e pôs-se a correr atrás do ratinho para comê-lo. Indignada, a deusa fê-la voltar ao que era.

Moral da Estória:
O perverso pode mudar de aparência, mas não de hábitos.


Fábulas de Esopo
(Século VI a.c.)

Lenda do Tortosendo

Conta-se em Tortosendo que há muitos, muitos anos, existia uma casinha térrea e pequena e que dentro vivia uma família boa, unida mas pobre. O pai madrugava para ir cavar a terra dura, os irmãos guardavam as ovelhinhas, a mãe limpava, cozia e tratava da panela, e ela, a irmã doente e aleijada, triste e só lá ficava encostada à velha Oliveira. Mas um dia deslumbrada viu sentada num dos ramos mais baixos da oliveira uma senhora bela e irradiante que, sorrindo, lhe estendeu um objecto desconhecido e assim falou:
- Minha filha, pára com a tua tristeza e pega nesta roca com que passarás teus dias a fiar. Embora doentinha e torta, sendo amiga de ajudares teus pais, contribuirás assim para o bem-estar da tua família e com o teu exemplo, que se propagará, para o progresso da tua terra!"
Teria vindo deste acontecimento o nome de "Tortasendo" que daria mais tarde "Tortosendo", com o seu desenvolvimento da indústria de fiação e têxtil e a sua devoção a Nossa Senhora da Oliveira.


Covilhã


Lenda do peso e do pesinho



Conta a lenda que, uma vez um homem vinha dos lados do Fundão, transportando um saco de algodão, às costas.
Chegando à margem esquerda do rio Zêzere precisou de o atravessar para o lado direito.
Ao atravessar o rio, molhou o saco de algodão sem dar pelo facto.
Quando chegou à margem direita, deu conta que o saco estava mais
pesado e disse:
- Que peso!! Ainda agora era só um pesinho!
E a partir daí, a localidade da margem esquerda ficou a chamar-se Pesinho e a da margem direita, ficou a chamar-se Peso.


Covilhã

A princesa com cabeça de porco


Havia um rei em Tir na n-Og (Terra da Juventude), que ocupava o trono e a coroa por muitos anos contra todos os que a cobiçavam. E a lei do reino era que a cada sétimo ano, os campeões e melhores homens do país deveriam concorrer ao cargo de rei. Uma vez a cada sete anos, todos se reuniam na frente do palácio e corriam para o alto de uma colina duas milhas distante. No topo da colina tinha uma cadeira, e o homem que conseguisse sentar na cadeira primeira, seria o rei de Tir na n-Og pelos próximos sete anos.Depois que ele governou durante eras, o rei começou a ficar ansioso. Ele tinha medo que alguém pudesse se sentar na cadeira diante dele e tomar a coroa de sua cabeça. Então, um dia ele chamou seu druida e perguntou: “Por quanto tempo devo ficar nessa cadeira para governar esta terra, e se algum homem sentar-se nela antes de mim e tomar a coroa da minha cabeça?”
“Você vai manter a monarquia e a coroa para sempre”, disse o druida, “a menos que seu próprio genro as tire de você.”
O rei não tinha filhos, mas uma filha, mas, a mais bela mulher em Tir na n-Og; e o igual a ela não podia ser encontrar em Erin ou qualquer reino do mundo. Quando o rei ouviu as palavras do druida, ele disse, “Eu nunca vou ter um genro, porque eu vou deixar a minha filha de um jeito que nenhum homem irá se casar com ela.”
Então ele pegou uma vara druida mágica, e chamando a filha diante de si, ele a golpeou com a vara, e colocar uma cabeça de porco em seu no lugar da cabeça dela.
Então ele mandou a filha de volta para o seu canto no castelo, e voltando-se para o druida “Não há homem na Terra que vá querer se casar com ela agora.”
Quando o druida viu o rosto que estava na princesa, a cabeça de porco que o pai tinha lhe dado, ele ficou muito triste por ter dado essa informação ao rei, e algum tempo depois ele foi ver a princesa.
“Devo ficar assim para sempre?” perguntou ela para o druida?
“Você precisa”, disse ele, “até que você se casar com um dos filhos de Fin MacCumhail em Erin. Se você se casar um dos filhos de Fin, você estará livre da mancha que está em você agora, e voltar a ter sua própria cabeça e rosto. “
Quando ouviu isso, sua mente ficou impaciente, e nunca descansou até que ela deixou Tir na n-Og e foi para Erin. Quando ela perguntou das pessoas, ouviu que Fin e os fenianos de Erin estavam naquele tempo vivendo em Knock an Ar, ela se dirigiui para o local imediatamente e viveu lá por um tempo. E quando ela viu Oisin, ele agradou a ela, quando ela descobriu que ele era um filho de Fin MacCumhail, a quem ela estava sempre observando, ela correu em sua direção. E era usual para os fenianos naqueles dias sair para caçar nas colinas, montanhas e nas florestas de Erin, e quando um deles ia, sempre levava cinco ou seis homens com ele para trazer para casa o prêmio.
Um dia Oisin saiu com os seus homens e cães para a floresta, e ele foi tão longe e matou tanta caça que, quando tudo foi reunido, os homens estavam tão cansados, fracos e famintos que não podiam levá-lo, mas foram embora, deixando-o com os três cães, Bran, Sciolán e Buglén, para cuidar de tudo sozinho.
Agora a filha do rei de Tir na n-Og, que era a própria rainha da Juventude, seguia de perto a caçada por todo o dia, e quando os homens deixaram Oisin ela foi até ele. Ele estava lá, olhando para a grande pilha de caça e dizendo: “Lamento muito deixar para trás tudo o que eu tive o trabalho de matar”, ela olhou para ele e disse: “Amarre um pacote para mim, eu vou levá-lo para alivar a carga de você. “
Oisin deu-lhe um pacote de caça para carregar, e pegou o restante. A noite estava muito quente e o fardo pesado, e depois de terem caminhado a alguma distância, Oisin disse: “Vamos descansar um pouco.”
Ambos jogaram as suas cargas, e se encostaram contra uma grande pedra que estava à beira da estrada. A mulher estava suada e sem fôlego, e abriu seu vestido para refrescar-se. Então Oisin olhou e viu a sua forma bonita e seu seio branco.
“Ah, então”, disse ele, “é uma pena que você ter uma cabeça de porco em você, pois eu nunca vi tal aparência de uma mulher em toda a minha vida antes.”
“Bem”, disse ela, “meu pai é o rei de Tir na n-Og, e eu era a mais requintada mulher do seu reino e o mais bela de todos, até que ele me jogou uma magia druida e deu-me a cabeça de porco que está em mim agora no lugar da minha própria. E o duida de Tir na n-Og veio falar comigo depois e me disse que se um dos filhos de Fin MacCumhail se casasse comigo, a cabeça do porco iria desaparecer, e eu deveria voltar a ter meu rosto da mesma forma como era antes, antes de meu pai me surpreender com a varinha do druida. Quando eu botei isso na cabeça, não parei até que cheguei a Erin, onde encontrei o seu pai e te escolhi dentre os filhos de Fin MacCumhail, e te segui para ver se você vai se casar comigo e me libertar. “
“Se esse é o estado em que você está, e se o casamento comigo vai te libertar do feitiço, eu não vou deixar a cabeça de porco em você por muito tempo.”
Então eles se casaram sem demora, não esperando para levar a caça para ou para tirá-la do chão. Naquele momento a cabeça de porco desapareceu, e a filha do rei, tinha o mesmo rosto e a beleza que ela tinha antes de seu pai lhe deu um soco com a varinha druida.
“Agora”, disse a Rainha da Juventude para Oisin, “Eu não posso ficar aqui muito tempo, e a menos que você venha comigo para Tir Na n-Og nós devemos nos separa.”
“Oh”, disse Oisin, “onde quer que você vá eu vou, e sempre que você voltar, eu vou te seguir.”
Então ela virou-se e Oisin a acompanhou, não voltando para Knock an Ar para ver seu pai ou seu filho. Naquele mesmo dia, eles partiram para Tir na n-Og e não pararam, até que chegou ao castelo do pai dela. E quando eles chegaram, já hvia uma recepção, pois o rei pensou que sua filha estava perdida.
Nesse mesmo ano houve a escolha de um rei, e quando o dia marcado chegou no final do sétimo ano, todos os grandes homens e os campeões, e o próprio rei, se reuniram na frente do castelo para correr e ver quem deve ser o primeiro a sentar na cadeira na colina. Mas antes que qualquer um deles estivesse na metade do morro, Oisin já estava sentado na cadeira antes dele.
Após esse dia, ninguém se levantou para correr Oisin, e ele passou muitos anos felizes como rei em Tir no n-Og.


Jeremiah Curtin, Myths and Folk-Lore of Ireland
(tradução brasileira)

Simba e os pombos

O Simba (Gato bravo), uma vez, andava à caça.
Andou, andou muito tempo e foi ter a uma planície onde estava um bando de pombos que andavam a brincar na terra. O Simba foi muito devagarinho, pé-ante-pé… Mas os pombos tiveram muito medo, voaram e foram poisar na árvore que estava ali mais perto.
Então o Simba, com uma voz muito boa, disse: Pombos amigas, porque é que vocês têm medo ?.. Eu sou o Rei dos Simbas. Eu tenho o feitiço de matar todos os animais que fogem de mim. Posso voar mesmo como vocês. Venham cá para baixo que eu quero comer dois ou três para matar a minha fome.
Os pombos estavam com muito medo, e desceram da árvore, e o Simba comeu cinco dos mais gordinhos, deixando os outras ir embora.
No dia seguinte o Simba voltou àquele sítio, disse a mesma coisa e comeu mais cinco pombinhos dos mais gordinhos.
Durante uma semana o Simba foi todos os dias ao mesmo sítio e sempre comeu cinco pombos dos mais gordinhos.
Outro dia os pombos foram beber água a um rio e encontraram lá a Coruja, que era amiga deles. A Coruja viu que faltavam muitos pombos e perguntou onde é que eles estavam. Então o chefe do bando contou o que acontecera com o Simba. A Co ruja teve muita pena dos pombos e disse-lhes que o Simba falara mentira, êle não podia matar todos os animais que fugissem dele e também não podia voar porque não tinha asas. E depois disse-lhes que não fizessem o que o Simba dizia.
Agora o Simba. chega à planície, à mesma hora. Os pombos logo que o viram bateram as asas e foram poisar na árvore mais alta que ali estava. O Simba ficou então muito admirado. Chegou ao pé da árvore e com uma voz muito boa disse-lhes que descessem.
Mas os pombos não quiseram. Eles disseram ao Simba que já sabiam que êle não tinha o feitiço de matar todos os animais que fugissem dele, e que não podia voar porque não tinha asas.
O Simba perguntou quem é que lhes havia ensinado aquelas coisas.
— Foi a nossa amiga Coruja — respondeu o chefe.
O Simba, todo zangado, fez juramento de tirar vingança. Foi à procura da Coruja, que estava ao pé do rio, e disse-lhe:
— O’ Coruja! Que faria você agora se viesse o vento sul?
— Eu não tenho medo do vento sul porque fazia assim — e pôs-se a bater com as asas.
— Hum!… E se fosse o vento norte?
— Também não tinha medo porque fazia assim a mesma cousa — e pôs-se outra vez a bater com as asas.
Então o Simba deu um grande salto e agarrou-a! Quando o Simba tinha a Coruja agarrada, disse-lhe:
— Então você conhece-me melhor que os pombos?! Você não acredita que eu tenho feitiço? Mas agora eu agarrei você, "mamana"…
— Está bem — disse a Coruja. Você é o Sim j ba mais esperto que eu conheço. Agora você agarrou-me e pode fazer de mim o que quiser. Mas eu já aviso você: a mim ninguém me pode. comer sem primeiro chamar, de joelhos e com os olhos fechados, o espírito dos meus antepassados.
O Simba ajoelhou e fechou os olhos. A Coruja saltou-lhe para o dorso, filou-o com as garras, levantou o voo e levou-o assim pelo ar.
Quando já ia muito alto, a Coruja disse:
— Eu não quero fazer mal a você. Mas agora precisa mostrar que pode voar como eu. Vou soltar você.
E o Simba veio por aí abaixo, voltando no ar as pernas pela cabeça.


Moçambique

A cotovia



Presa numa arapuca, uma cotovia se lamentava: “Pobre de mim! Pobre pássaro que sou! Não roubei nem prata nem qualquer outro objeto precioso: por causa de um pequeno grão de trigo vou encontrar a morte”.

Tão grande risco por nada!


Fábulas de Esopo

13/02/2011

Os Animais e a Peste



Em certo ano terrível de peste entre os animais, o leão, mais apreensivo, consultou um macaco de barbas brancas.
- Esta peste é um castigo do céu – respondeu o macaco – e o remédio é aplacarmos a cólera divina sacrificando aos deuses um de nós.
- Qual? – perguntou o leão.
- O mais carregado de crimes.
O leão fechou os olhos, concentrou-se e, depois duma pausa, disse aos súditos reunidos em redor:
- Amigos! É fora de dúvida que quem deve sacrificar-se sou eu. Cometi grandes crimes, matei centenas de veados, devorei inúmeras ovelhas e até vários pastores. Ofereço-me, pois, para o acrifício necessário ao bem comum.
A raposa adiantou-se e disse:
- Acho conveniente ouvir a confissão das outras feras. Porque, para mim, nada do que Vossa Majestade alegou constitui crime. São coisas que até que honram o nosso virtuosíssimo rei Leão.
Grandes aplausos abafaram as últimas palavras da bajuladora e o leão foi posto de lado como impróprio para o sacrifício.
Apresentou-se em seguida o tigre e repete-se a cena. Acusa-se de mil crimes, mas a raposa mostra que também ele era um anjo de inocência.
E o mesmo aconteceu com todas as outras feras.
Nisto chega a vez do burro. Adianta-se o pobre animal e diz:
- A consciência só me acusa de haver comido uma folha de couve da horta do senhor vigário.
Os animais entreolharam-se. Era muito sério aquilo. A raposa toma a palavra:
- Eis amigos, o grande criminoso! Tão horrível o que ele nos conta, que é inútil prosseguirmos na investigação. A vítima a sacrificar-se aos deuses não pode ser outra porque não pode haver crime maior do que furtar a sacratíssima couve do senhor vigário.
Toda a bicharada concordou e o triste burro foi unanimamente eleito para o sacrifício.

Moral da Estória:
Aos poderosos, tudo se desculpa…
Aos miseráveis, nada se perdoa.


Monteiro Lobato


O Galo e a Raposa



Um Galo velho e sábio estava empoleirado nos ramos de uma árvore. Nisto, aproximou-se uma raposa que lhe disse em tom meloso:
- Irmão, agora há paz no reino dos animais e, por isso, já não sou tua inimiga. Desce do ramo para que possamos celebrar a nossa amizade com um beijo. Depressa, porque hoje tenho muito que fazer.
- Irmã Raposa - replicou o Galo - esperemos pelos dois Galgos que se aproximam. De certo que também eles ficarão contentes com essa notícia e, assim, poderemos beijar-nos uns aos outros.
- Adeus! - respondeu a Raposa. - Estou cheia de pressa. Celebraremos a nossa amizade noutro dia.
Dito isto, desatou a correr o mais depressa que pode, furiosa com o Galo e cheia de medo dos cães.

Moral da história:
É mais fácil combater os malvados com as suas próprias artimanhas.


Fábulas de La Fontaine


12/02/2011

Lenda dos Nhamussoros de Inhambane


Segundo reza uma história, em Inhambane para os lados de Chicuque, há muitos anos atrás, apregoou-se a vinda de um Nhamussoro. Tendo chegado aos ouvidos de jornalistas, estes quiseram ir ao local do eventual aparecimento para comprovar tal aparição.
Entretanto, os ditos curandeiros avisaram que Nhamussoro, não poderia estar na presença do homem branco pelo que os jornalistas teriam de encontrar uma forma de não serem vistos. Assim foi, os jornalistas esconderam-se bem disfarçados à espera da sua aparição. Chegado o dia, juntou-se a população no local e entre os sons dos batuques, iam dançando e entoando canções chamando o dito espírito.
De repente, junto à praia, começa um vulto que vai se transformando maior à medida que vem caminhando para a população.
Era a figura de um homem cheio de crostas e algas agarradas no seu corpo como que um navio afundado submergindo.
Conta-se que os jornalistas irrequietos, terão saído dos seus lugares de máquinas fotográficas em punho quando viram o Nhamussoro. Este claro, apercebendo-se dos brancos, mergulhou imediatamente e nunca mais voltou a aparecer.
Várias pessoas locais contam esta história. Que a ouviram através do filho do farmacêutico… ter escutado da boca do Chefe dos Correios…


Moçambique

As Duas Cadelas


Tomando a uma cadela as dores de parir, e não tendo lugar donde parisse, rogou a outra que lhe desse a sua cama e pousada, que era em um palheiro, e tanto que parisse se iria com seus filhos. Fê-lo a outra com dó dela, e depois de haver parido, lhe disse que se fosse embora; porém a boa hóspede mostrou-lhe os dentes, e não a quis deixar entrar, dizendo que estava de posse, e que não a lançariam dali, senão fosse por guerra e as dentadas.


Fábulas de Esopo
(Século VI a.c.)

11/02/2011

O noivo da rã


Era uma vez havia um pai que tinha três filhos. Ele mandou dois procurar noivas para eles, entretanto, o terceiro, a que chamavam Hansl O Estúpido, resolveu ficar em casa e alimentar os animais. O pai não estava satisfeito com isso, assim finalmente disse: “Apenas vá! Você pode procurar uma noiva também!”
Então Hansl se foi, e ele chegou a uma grande floresta. Do outro lado da floresta havia um lago. Um sapo estava sentado nas margens da lagoa, e ele perguntou: “E agora, Hansl, aonde você está indo?”
“Oh, eu estou procurando uma noiva!”
“Case comigo!” disse o sapo, e para Hansl estava tudo bem, porque ele não sabia onde poderia encontrar uma noiva. O sapo pulou na lagoa, e Hansl voltou para casa.
Seus irmãos já estavam lá, e eles queriam saber se o tolo encontrou uma noiva. “Sim”, disse Hansl, “eu já tenho uma!”
No dia seguinte, o pai deu a cada um um monte de linho, dizendo: “Vou dar uma casa aquele cuja noiva seja capaz de tecer o mais bonitos dos fios emtrês dias.” Em seguida, cada um foi embora, incluindo Hansl.
O sapo estava novamente sentado no banco da lagoa. “Agora, meu noivo, onde você está indo?”
“Falar com você. Você pode tecer?”
“Sim”, disse o sapo. Basta amarrar o linho em minhas costas.”
Hansl fez isso, e o sapo pulou na lagoa. Um fio de linho estava aparecendo na superfície e outra ponta estava no fundo do lago. “É uma pena sobre o linho. Se estragou”, pensou Hans, e ele, infeliz, voltou para casa.
Mas, mesmo assim, no terceiro dia ele voltou para a lagoa. O sapo estava novamente sentado no banco, e ele perguntou: “Agora, noivo, onde você está indo?”
“Já teceu?”
“Sim”, disse o sapo pulando na lagoa, e voltou com a meada de um fio de linho que era o mais bonito do que qualquer outro que tenha sido fiado. Hans estava feliz, e ele correu de volta para casa alegre, e ele com certeza tinha o mais lindo dos fios.
Os irmãos se queixaram, e então o pai disse: “Vou dar a casa para aquele que trouxer para casa a noiva mais bonita.”
Os irmãos se foram mais uma vez, mas desta vez Hansl levou uma jarra de água com ele.
Os outros dois queriam saber: “Por que você está levando essa garrafa de água com você?”
“Para colocar a minha noiva dentro”
Os dois riram, “Ele deve ter mesmo uma noiva linda!”
A rã já estava sentada perto da lagoa. “Agora, meu noivo, onde você está indo?”
“Hoje eu estou voltando por você!”
Então a rã pulou na lagoa e voltou com três chaves. “Vá lá em cima”, disse. “Há um castelo lá. Uma das três chaves abre a sala de estar, uma abre o estábulo, e outra a carruagem. N a sala há três túnicas: uma vermelha, uma verde e uma branca. No estábulo, há dois cavalos brancos, dois pretos e dois marrons. No estábulo você encontrará três coches: um de ouro, um de prata e um de vidro. Em cada lugar que você pode pegar aquele que você quiser”.
Uma vez dentro do castelo Hansl primeiro tentou o manto vermelho, mas ele não gostou: “Isso me faz parecer um açougueiro.” Ele não gostou do verde também: “Faz-me parecerum caçador.” O branco bem caiu melhor. Então ele foi para o estábulo e levou os cavalos marrons. Na casa da carruagem, ele primeiro quis pegar a de ouro, mas era demasiado nobre para ele. A de prata era muito pesada, então ele pegou a de vidro. Ele engatou a parelha com os cavalo marrons e foi para o lago.
Uma bela e jovem mulher estava lá. Ela disse, “Você me redimiu. Se você pegasse a melhor coisa em cada lugar, então eu teria que continuar a ser um sapo. E essa floresta é um grande pomar e, a lagoa é um jardim de rosas. Tudo isso pertence a você. Deixe o seu irmãos ficar com a casa. Você poderá se casar com quem quiser. “
“Não, você deve vir comigo, assim meu pai e meus irmãos, poderão te ver.”
Então, ela partiu com ele. O pai e os irmãos ficaram espantados quando viram Hansl com a linda e jovem mulher no coche. Mas de súbito ela desapareceu e voou para os ceús na f orma de uma pomba branca. Hansl deu a casa a seus irmãos. Ele se casou com uma mulher local e foi muito feliz. E se ele não morreu, então ele ainda deve estar vivo.


Jungbauer Gustav, Märchen-Böhmerwald (Passau, 1923)
(tradução brasileira)



10/02/2011

O cão na manjedoura



Um cachorro estava dormindo em uma manjedoura cheia de feno. Quando os bois chegaram, cansados e com fome depois de um dia inteiro de trabalho no campo, o cachorro acordou. Acordou, mas não queria deixar que os bois se aproximassem da manjedoura e começou a rosnar e tentar morder seus focinhos, como se a manjedoura estivesse cheia de carne e ossos e essas delícias fossem só dele. Os bois olharam para o cachorro muito aborrecidos.
- Que egoísta! – disse um deles. – Ele nem gosta de comer feno! E nós, que comemos, e que estamos com tanta fome, ele não nos deixa chegar perto!
Nisso apareceu o fazendeiro. Ao ver o que o cachorro estava fazendo, pegou um pau e enxotou o cachorro do estábulo a pauladas por ser tão malcriado.

Moral: Não prive os outros do que não pode desfrutar.


Fábulas de Esopo

O Burro com a pele de leão


Certo dia, um Burro encontrou uma pele de Leão que os caçadores tinham deixado a secar ao Sol.
- Vou cobrir-me com ela e assustar toda a gente - pensou ele.
Assim fez, e assustou todas as pessoas e todos os animais que encontrou. Muito orgulhoso do seu feito, zurrou muito alto, cheio de alegria.
Foi o seu erro, porque nesse momento todos perceberam pela sua voz que ele, afinal, era apenas um Burro.
O dono, que tinha apanhado um grande susto, resolveu castigá-lo e deu-lhe umas valentes pauladas.

Moral da história:
Não queiras parecer aquilo que não és.


Fábulas de La Fontaine

09/02/2011

O Javali e a Raposa


Estava um Javali na floresta a afiar os dentes numa árvore, quando apareceu uma Raposa. Vendo o que o Javali estava a fazer, perguntou-lhe:
- Por que estás a afiar os dentes? Os caçadores não saíram hoje e não vejo outro perigo por perto.
- É verdade, minha amiga - respondeu o Javali. - Mas, no momento em que a minha vida correr perigo preciso de usar os dentes e, então, será tarde demais para os afiar.

Moral da história:
Prepara-te para as dificuldades.


Fábula de Esopo

08/02/2011

O cão Farol




Quem me contou esta história foi o senhor Tomé. Passo-lhe a palavra:
?O meu cão Farol era um portento. Um faro que só ele! Não há-de haver em todo o mundo e arredores um cão caçador que se lhe compare.
Felpa de coelho que ele cheirasse, num rasgo de urzes, era, daí a nada, mais um trangalhadanças preso ao meu cinto. Sim, eu é que dava o tiro, mas o mérito todo da caçada pertencia-lhe.
Às vezes, dava comigo a pensar se o caçador não seria ele... Bem vistas as coisas, o Farol é que me levava atrás, ele é que buscava, ele é que apanhava o rasto, ele é que corria, ele é que levantava a caça. E eu sempre atrás. Dar o tiro de remate não custava nada.
Quando eu via o coelho a fugir aos ziguezagues, gritava-lhe, a avisar:
- Pára, senão disparo.
Como nunca nenhum coelho parou ao meu mandado, tive sempre de cumprir o prometido. Sem falhar um.
O Farol trazia-mo, depois, na boca, a babar-se de riso, como quem me dá os parabéns pela pontaria, mas isso que importância tinha, comparado com o esforço dele? Fazia-lhe uma esfregada na peitaça, sinal e festa de agradecimento, que mais parecia pedido de desculpa por tirar-lhe o coelho dos dentes.
Estou convencido que, mesmo sem festas, o Farol me devolveria a caça. Ele era um mansarrão. Um companheirão. Um cão.
Envelheceu como eu envelheci. Já nos ia faltando genica para correr montados. Mas passei sempre as culpas para mim:
- Sabes, Farol, o teu dono está um pitosga. Não acerta nem numa perdiz no choco. Tremem-lhe as mãos. Tremem-lhe as pernas e já não troca as pantufas pelas botas de caçador.
Não era tanto assim, mas eu tinha de exagerar um bocado.
- Por este andar, amigo Farol, vais ter de arranjar outro dono que te leve à caça.
À maneira de resposta, o Farol poisava a cabeça nos meus joelhos, como se quisesse dizer que já não estava em idade de mudar de dono.
Na época da caça é que se enervava mais. Ouvia os outros latirem lá fora, mais os estampidos das caçadeiras. Talvez ainda lhe chegasse às narinas o cheiro a medo, que vinha das luras, das moitas, do esconso das matas.
Nessas ocasiões, para entretê-lo, sabe o que é que eu fazia? Sombras chinesas, no muro do quintal:
- Olha o coelho, Farol. Busca! - gritava-lhe.
Ele saltava. A sombra robusta do cão caçador cobria a cabeça do coelho, que eu desenhara, à contraluz, com a habilidade das minhas mãos. Desde criança que eu não brincava a isto. Para o que me havia de dar, chegado a velho...
- Olha, agora, Farol, esta lebre. Corre!
E a lebre desaparecia, engolida pela sombra do Farol.
Dei-lhe as satisfações que podia. Só não estava na minha mão prolongar-lhe a vida..."
O senhor Tomé, no fim do contar, enxugou uma lágrima. Depois, ainda disse, enquanto fixava, tristemente, o muro do quintal, caiado, muito branco, à luz do sol:
- De consolação fica-me a memória do belo cão que ele foi.
A cabeça bonita de um cão perdigueiro recortou-se, então, em sombras nítidas, na caliça do muro.