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21/08/2010

Quitério atrevido



O rapaz era esperto e atrevido. Quando, lá na aldeia, souberam que o rei vinha caçar àquela região, o rapaz decidiu:
- Eu hei-de falar ao rei ou não me chame Quitério.
E pôs-se a esperar pelo cortejo real, à beira da estrada.
Mas o rei, que não era de pompas, apareceu a cavalo, sem escolta, vestido como qualquer um. Vendo o rapaz, que não o reconheceu, perguntou-lhe:
- Vou bem encaminhado para o solar do Conde de Ameal?
- Eu ensinava-lhe o caminho, senhor, se não tivesse à espera do séquito do rei.
- Não esperes mais, rapaz, porque o séquito já lá deve estar. Sobe tu para cima do meu cavalo e orienta-me, até chegarmos ao solar do conde.
Pelo caminho foram conversando. O Quitério quis saber como é que o rei viria vestido.
- Como os outros homens. Nada o distingue - respondeu o rei.
- Então como é que eu sei que é o rei?
- Porque todos, quando o virem, lhe tiram o chapéu.
Assim que os dois, montados no mesmo cavalo, chegaram aos paços do conde, logo criados e fidalgos se desbarretaram à sua passagem. O Quitério estava pasmado.
- Então já sabes, agora, quem é o rei? - perguntou o rei ao rapaz.
- Hei-de ser eu - respondeu o atrevido Quitério. - Vossemecê não tem cara de ser rei e eu conservo o chapéu na cabeça, porque o sol está bravo.
O rei achou graça e a história acaba bem.