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30/11/2008

A onça e o coelho



A onça possuía uma roça que estava coberta de capim. Por isso, resolveu reunir os outros animais, dizendo-lhes que aquele que conseguisse limpar a roça sem se coçar, ganharia um boi de presente. O macaco foi o primeiro a tentar, mas logo foi despedido porque se coçou. Depois dele, o veado e o bode também tentaram, mas tiveram o mesmo resultado. Então, o coelho ofereceu-se para o trabalho. Mas a onça replicou que se os outros animais não haviam conseguido, muito menos ele conseguiria. Acabou por aceitar o trabalho do coelho. Quando o coelho já havia limpado bom pedaço da roça, a onça, cansada, resolveu sair e deixar um filho tomando conta do trabalho do coelho, com o intuito de cuidar se este se coçava. O coelho, aproveitando-se da ingenuidade do menino, pergunta se o boi que ganharia era pintado, mostrando o lugar das pintas em seu próprio corpo e aproveitando para coçar-se. O menino, sem dar-se conta do que ocorrido, respondia que sim. Dessa forma, conseguiu terminar todo o trabalho e ganhando o boi. A onça disse-lhe que aquele boi deveria ser morto onde não houvesse moscas nem mosquito e onde galo nem galinha cantassem. O coelho, então, partiu com o seu boi. Durante a sua caminhada, ia prestando a atenção se encontrava moscas, mosquito, galos e galinhas. Quando encontrou o lugar certo, matou o boi. Nesse momento, apareceu a onça dizendo-lhe que gostaria de um pedaço da carne, pois estava grávida e temia abortar. O coelho lhe deu a carne, mas ela pediu mais, ameaçando matá-lo. Foi assim que a onça acabou por comer todo o boi. O coelho, então, voltou para casa prometendo a si mesmo que se vingaria da onça. Ao verificar o lugar por onde passava a onça, foi para lá cortar cipó. A onça, ao perceber a sua atividade, perguntou-lhe o que estava fazendo, ao que ele respondeu dizendo que Deus castigaria o mundo com uma grande ventania e que aqueles cipós serviriam para amarrá-lo. A onça insistiu muito para que ele a amarrasse primeiro. O coelho fingiu não querer amarrá-la, afirmando que ainda tinha de prender toda a sua família. Como a onça persistisse no seu pedido, o coelho disse que a amarraria por ela ser comadre. Após amarrá-la, saiu correndo. Quando o macaco passou, a onça pediu que ele a desamarrasse, porém ele respondeu que Deus deveria ajudar àquele que a havia posto ali, o mesmo acontecendo com o veado e com o bode. Ao lembrar-se da onça, o coelho foi ver se ela ainda estava viva. Assim que ela o viu pediu para ser solta. O coelho fingiu não ser o autor da façanha e estar com muita pena. Desamarrou os cipós. Assim que se viu livre a onça tentou devorar o coelho, mas ele fugiu para um buraco. Todavia, antes que ele entrasse a onça ainda lhe conseguiu pegar uma perna. O coelho, então, chamou-a de tola, dizendo que havia pegado uma raiz de pau. Ao ouvir isso, a onça soltou a perna. O coelho escondeu-se no fundo do buraco e a onça pediu a uma garça que cuidasse enquanto ela ia buscar um enxada para cavar o buraco. O coelho, percebendo o que acontecia, disse a garça que quem cuida de um coelho deve espiar no buraco com os olhos arregalado, ao que a garça atendeu. O coelho jogou-lhe areia aos olhos, saindo sem que ela visse. Quando a onça retornou, cavou sem encontrar coelho algum no buraco. Perguntando à garça sobre onde se encontrava o coelho obteve como resposta que esta não sabia, pois o bichinho havia lhe enchido os olhos de areia e fugido. A onça, desapontada, foi-se embora para casa.

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