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17/01/2010

A Bela Melusine



Certo dia, o conde Siegfried afastou-se do castelo de Koerich para ir à caça. Foi cavalgando e quando deu por ele, estava perdido. Ao pôr do Sol entrou num vale profundo e estreito, mas reparou que lá ao fundo erguia-se um rochedo enorme e as ruínas de um castelo romano. Aproximou-se do rochedo e viu uma mulher linda que cantava lindamente. Esta estava sentada nos escombros do castelo quando o conde, balbuciou:
- Como te chamas?
Ela ergueu-se devagar e disse-lhe docemente:
- Melusine. Chamo-me Melusine.
Depois mergulhou no rio Alzette desaparecendo ao mesmo tempo que os últimos raios de Sol. Exausto, o conde adormece.
De manhã, levantou-se e procurou o rio, disposto a ir para o seu castelo que mais tarde encontrara, mas nunca mais esquecera Melusine, indo por isso todos os dias ao rochedo na esperança de encontrá-la. Por sorte ela voltou e juntos passaram momentos muito felizes, pois Melusine cantava as mais lindas canções e Siegfried ouvi-a, fascinado.
Assim, o conde pediu-a em casamento, mas a donzela impôs algumas condições:
- Caso contigo se me prometeres que não me obrigas a sair daqui. Quero viver sempre junto do rochedo do Bock.
- Seja como queres. Mandarei construir o castelo mais lindo que já se viu por estas paragens.
Melusine parecia hesitante.
- Ainda há outra coisa...
- Tudo o que quiseres! Pede e ser-te-á concedido.
- Preciso de ficar sozinha aos sábados. Prometes que não me segues, não me procuras, não me perguntas sequer onde é que eu vou?
O pedido era estranho, mas o conde jurou porque queria mesmo casar com Melusine.
- Prometo. Dou-te a minha palavra.
Siegfried trocou uma propriedade pelo Rochedo de Brock. O dono do rochedo aceitou a proposta e o conde finalmente casou com Melusine. Tiveram sete filhos e tudo corria bem nas suas vidas até que os amigos começaram a espicaçá-lo!
- Não percebo como é que aturas uma coisa destas! - dizia um.
- Se fosse minha mulher, garanto-te que não desaparecia aos sábados. - dizia outro.
Assim, Siegfried ficou curioso sobre esse mistério da esposa e um sábado espreitou pelo buraco da fechadura.
O que viu deixou-o assombrado, pois Melusine estava a tomar banho e quando se remexia na água, em vez de aparecerem as pernas e os pés, levantava uma monstruosa cauda de peixe, coberta de escamas repelentes. Melusine era uma sereia do rio e ao se aperceber desse facto Siegfried grita tão alto que o seu grito fez eco pelas paredes do castelo, assustando Melusine que se atira de cabeça e mergulha nas profundezas da água a que pertencia, desaparecendo para sempre. Assim, a lenda diz que Melusine aparece de sete em sete anos para implorar que alguém a ajude a quebrar o encanto de ser sereia. Melusine vai tecendo vestes de linho e por cada sete anos, ela acrescenta mais um fio de linho. Se antes de ela acabar esta obra ninguém a salvar, Luxemburgo irá desfazer-se em ruínas.


Lenda do Luxemburgo