( 391x375 , 253kb)


20/03/2008

O corvo e a raposa

Luiz Gonzaga Fleury (Trad.)
(1891-1969)


O senhor mestre corvo, em um galho pousado,
No bico tinha preso um queijo apetitoso.
Sendo atraída ai pelo manjar cheiroso,
Diz-lhe mestra raposa em tom adocicado:
Bom dia, mestre corvo, meu senhor.
Que bonito que sois! Que penas, que esplendor!
Palavra que se a voz tendes maviosa
Quanto vossa plumagem é vistosa,

Sois a fênix, oh! Sim, das florestas daqui.
De orgulho, o corvo, então, nem coube mais em si.
E para a linda voz mostrar,
Descerra o bico e assim deixa o queijo escapar.
A raposa o agarrou e disse: Meu senhor,
Aprendei que o adulador
Vive à custa de quem lhe dá atenção
Vale um queijo por certo esta lição.
O pobre corvo, então, confuso e envergonhado,
Jurou, mas tarde já, não ser noutra apanhado.