( 391x375 , 253kb)


26/06/2011

O voo de Hanuman



Com um salto descomunal, Hanuman lançou-se sobre o mar.
Sabendo que o macaco era filho do vento, o oceano pediu a Mainaka, a montanha submersa, que se erguesse bem alto e se oferecesse como um lugar de repouso para Hanuman.
-Agradeço, mas não posso interromper o voo – disse ele, apoiado no ar e tocando a montanha com a ponta do dedo.
Quando os deuses viram o filho do vento varando o espaço, resolveram testar sua força e mandaram Surasa, a mãe das serpentes, devorá-lo. No momento em que ela abriu a boca, o macaco duplicou deu corpo. A serpente abriu a boca ainda mais e ele ficou cem vezes maior.
Por fim, quando ela escancarou a bocarra, Hanuman diminuiu de tamanho, entrou lá dentro e tornou a sair.
-Experimentei sua esperteza e sua força – disse Surasa – e foi para isso que os deuses me mandaram. Você será capaz de cumprir a tarefa.
Hanuman continuou o voo.
Uma figura demoníaca, que vivia no meio do oceano, ao ver na água os reflexos das criaturas que voavam, agarrava-lhes as sombras e elas, assim presas, serviram de comida àquela boca voraz. Quando a diaba pegou a sombra do macaco voador, ele se tornou bem pequeno, entrou no corpo dela, espremeu-lhe o coração e sai pela orelha. A diaba caiu no fundo do mar e foi devorada pelos peixes.
Chegando a cidade de Lanka, Hanuman esperou anoitecer, pousando num rochedo. Depois, tomando a forma de um gatinho, transpôs as muralhas da cidade.
Lankini, a guardiã, percebendo sua chegada perguntou:
-Você aí, aonde vai? Não sabe que todo ladrão intruso é minha comida?
Hanuman lhe deu um soco tão forte que ela vomitou sangue. Mas recuperando-se, levantou e disse que a profecia tinha se cumprido:
-Quando você receber o soco de um macaco, fique sabendo que está tudo acabado com a raça dos demónios – avisavam as palavras proféticas.
Depois de atingir com um salto o palácio de Ravana, de se meter entre os demônios-vigias, de procurar nos jardins e nos pátios, o macaco acabou descobrindo Sita, magra, pálida e abatida, num pequeno bosque atrás do palácio.
Escondido no alto de uma árvore, Hanuman observou a chegada de Ravana, que tentava agradar a moça, sem sucesso. Sita lhe dizia:
-Escute aqui, Dez Cabeças, pode uma flor de lótus florir com a luz de um vaga-lume? Não temes a setas de Rama? Bandido, você me raptou quando estava só. Não se envergonha disso?
Furioso, Ravana ordenou que as bruxas a atormentassem. Mas uma delas resolveu ficar do lado da moça, pedindo-lhe que a salvasse e às suas companheiras, por causa de um sonho profético que tivera. No sonho, aparecia um macaco que incendiava a cidade e matava os demónios e as bruxas, enquanto Ravana, nu, montado num asno, estava com todas suas dez cabeças raspadas e seus vinte braços cortados. Sita prometeu livrá-las da morte.
E foi então que a prisioneira descobriu Hanuman no esconderijo. Apresentando-se como criado e mensageiro de Rama, o macaco lhe entregou o anel conforme o desejo de seu senhor.
-Posso levá-la comigo agora mas não tenho ordens de Rama para fazê-lo. Espere mais uns dias e ele próprio virá com uma tropa de macacos para libertá-la – explicou Hanuman.
-Mas os maçamos são pequenos e os demónios poderosos guerreiros – respondeu-lhe Sita.
Ouvindo isso, Hanuman ficou de um tamanho colossal, mostrando todo seu poder. Despedindo-se de Sita, partiu exibindo aquela forma imensa e derrubando tudo que encontrava pela frente.