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31/07/2010

O túmulo dos três reis



Um dia o rei ordenou que Ganjiang e Moya, um casal do estado de Chu, fizessem um par de espadas para ele. O casal passou três anos fazendo as espadas. O rei ficou aborrecido com o atraso, ameaçando matar o marido. O par de espadas ficou pronto e, como era costume, uma era o macho e a outra, a fêmea.
A mulher de Moya estava esperando um filho e logo iria entrar no trabalho de parto. Seu marido disse:
“Como demoramos três anos para fazer as espadas, o rei deve estar muito brabo comigo. Quando eu levar entregar as espadas, pode ser que ele me mate. Se nosso filho for homem, quando ficar grande, diz para ele sair lá fora da porta, olhar para a Colina Sul. Ele vai enxergar um pinheiro crescendo na rocha e a espada está do outro lado.”
Ganjiang procurou então o rei, levando a espada fêmea. O rei não se coube de tanta raiva, ao examinar a espada.
“Tinha encomendado um par, mas está faltando o macho.”
De um golpe só, o Rei cortou a cabeça de Ganjiang.

Quando o filho de Ganjiang, chamado Chi, cresceu, ele perguntou ã sua mãe:
“Onde está meu pai?”
“Seu pai fez espadas para o Rei, mas demorou muito. O rei, furioso, cortou a cabeça dele. Mas antes dele procurar o rei, ele tinha me pedido pra dizer que você deve sair ali fora da porta e olhar na direção da Colina Sul. Nela tem um pinheiro numa rocha e a espada está atrás”.
O filho foi então até a porta e olhou para o sul. Ele não achou a colina mas viu um pinheiro crescendo num pedestal na frente da casa. Ele cortou o pinheiro com um machado e encontrou a espada. A partir desse momento ele jurou que iria se vingar do rei por causa da morte de seu pai.

Um dia o rei sonhou que tinha na região um rapaz de sobrancelhas bem separadas prometendo matá-lo. O rei ofereceu uma recompensa de mil moedas de ouro para quem prendesse o rapaz. Mas o rapaz, sabendo disso, fugiu. Um dia ele estava cantando uma uma canção bem triste na montanha quando um estranho chegou até ele e perguntou:
“Você parece muito jovem, cantar de um jeito assim tão triste?”
“Eu sou o filho de Ganjiang e o Rei de Chu matou meu pai. Eu vou me vingar dele.”
O estranho disse:
“Fiquei sabendo que o rei está oferecendo mil moedas de ouro pela sua cabeça. Se você me der sua cabeça e a espada, eu vingo a morte de seu pai”.
“Negócio feito”, disse o rapaz.
O rapaz então cortou de um golpe só sua própria cabeça e a entregou junto com a espada ao estranho, enquanto seu corpo permancia firme.
O estranho disse:
“Pode deixar, nosso acordo continua de pé”.
Nem bem acabou de falar, o rapaz caiu no chão, morto.
O estranho levou a cabeça de Chi para o Rei de Chu e o rei ficou muito contente.
O estranho disse:
“Essa cabeça pertence a um herói. Você tem de cozinhá-la em um caldeirão bem grande”.
O rei fez o que o estranho tinha dito. Três dias se passaram e a cabeça não tinha desmanchado, pulando furiosa dentro do caldeirão.
O estranho disse:
“A cabeça tem de se dissolver. Se Sua Majestade chegar bem perto e ficar olhando para ela, logo se desmancha”.
Quando o rei aproximou-se do caldeirão para olhar a cabeça, o estranho virou-se com a espada e a cabeça do rei caiu dentro da água fervente. Então o estranho pegou a espada, cortou sua própria cabeça, que também caiu dentro do caldeirão. As três cabeças logo ficaram desfiguradas e ninguém mais conseguia reconhecê-las.
As pessoas dividiram então os restos em três porções e as enterraram em um túmulo, que recebeu o nomem de “Túmulo dos Três Reis”. Ainda hoje esse túmulo pode ser visto no povoado de Yichun, no norte de Runan.