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20/02/2009

O lobo e o cordeiro


Barão de Paranapiacaba ( trad.)
(1827-1915)


Na límpida corrente de um ribeiro
Mata a sede um cordeiro.
Chega um lobo em jejum que a fome atiça,
A farejar carniça.
Ousas turvar-me as águas, malcriado?
(Uiva o lobo irritado.)

CORDEIRO
Rogo, senhor, a Vossa Majestade,
E com toda a humildade,
Que não se zangue com seu pobre servo;
Pois, respeitoso, observo
Que embaixo e no declive estou bebendo,
E a água vem descendo.

Turvas (retruca o bárbaro animal);
Demais, falaste mal,
Há seis meses, de mim.

CORDEIRO
Não é verdade;
Conto só três de idade;
Não tinha inda nascido.

LOBO
Pois então
Falou um teu irmão.

CORDEIRO
Não o tenho

LOBO
Foi um dos teus parentes,
Que me têm entre dentes;
E eu vingo-me de vós - cães e pastores
Que sois tão faladores.
Disse, e sobre o cordeiro se despenha
E o conduz para a brenha,
Onde o come do mato no recesso,
Sem forma de processo.


Moral: a razão do mais forte predomina