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16/08/2010

Zuo Ci, o mágico

Zuo Ci, que também se chamava Yuanfang, nasceu em Lujiang e conhecia bem astrologia e os cinco clássicos. Ele percebeu que os problemas estavam se acumulando e que a Dinastia Han, entrava em declínio.
- Vivemos dias de degeneração e desordem – disse ele –. Pode ser fatal para um funcionário superior ostentar uma grande riqueza. Igualmente, não vale a pena procurar a fama ou o lucro.
Ele tinha estudado filosofia e era capaz de fazer mágicas incríveis, como, por exemplo, fazer com que os espíritos lhe preparassem comida refinada, sempre que ele quisesse. Praticava meditação no alto do Monte Tianzhu, onde tinha encontrado instruções sobre como fazer uma poção mágica, que lhe permitiria se transformar a qualquer hora. As maravilhas de que ele era capaz eram sem conta.
O Senhor Cao Cao ouviu suas proezas e enviou um emissário para trazê-lo à sua presença. Ele jogou Zuo numa cela e pôs guardas a vigiá-lo, deixando-o sem comer durante um ano inteiro. Depois disso, Zuo saiu da prisão forte e saudável. Cao Cao convenceu-se de que ele era um mágico, pois quem, a não ser um mágico, poderia ficar tanto tempo sem comer? Planejou então matá-lo. Zuo ficou sabendo desse plano e pediu permissão para ir embora.
- Por que ir embora? – perguntou Cao Cao.
- Porque mais cedo ou mais tarde o senhor vai me matar – respondeu.
Cao Cao negou que quisesse matá-lo, e permitiu que ele fosse embora, mas, antes, iria lhe oferecer uma festa.
- Já que eu vou embora – disse Zuo – vamos dividir um copo de vinho.
Cao Cao aceitou o convite.
Era inverno e o vinho, que tinha sido aquecido, estava muito quente. Zuo pegou um grampo de do cabelo e mexeu o vinho. Logo o grampo desapareceu, que nem um pingo de tinta num tinteiro. Cao Cão deu o copo novamente para ele, a fim de que bebesse primeiro. Mas Zuo simplesmente traçou uma linha no vinho com seu grampo, e o líquido dividiu-se em duas partes. Zuo bebeu uma metade e passou a outra para Cao Cao. E quando Cao Cao ficou desconfiado, Zuo ofereceu-se para beber ele mesmo o que restava. Depois de beber o vinho, jogou o copo no teto. O copo ficou grudado no alto, como se fosse um beija-flor. Todos os hóspedes maravilhavam-se com o beija-flor, até que, copo de novo, caiu no chão. Mas nesse momento Zuo já tinha desaparecido, e Cao Cao ficou sabendo que ele tinha ido embora.
Cao Cao sentiu então mais vontade ainda de matar Zuo, para ver se ele tinha algum truque novo para escapar da morte. Ordenou que ele fosse preso, mas Zuo escondeu-se em um rebanho de ovelhas e seus perseguidores não puderam achá-lo. Quando eles contaram as ovelhas e acharam que tinha uma a mais, desconfiaram que ele tinha se transformado numa delas.
- Nosso Mestre quer apenas vê-lo – disseram – seria melhor que retomasse sua forma normal. Não precisa ter medo, porque nada vai acontecer.
Um grande carneiro adiantou-se no rebanho e ajoelhou-se para perguntar:
- Estão falando a verdade?
Os enviados de Cao Cao responderam:
- Claro!
Eles estavam a ponto de agarrá-lo quando todas as ovelhas – centenas delas - transformaram-se também em carneiros e ajoelharam-se para perguntar:
- Estão falando a verdade?
De novo, portanto, eles não sabiam a quem agarrar.
Mais tarde alguém conseguiu saber onde estava Zuo e o prendeu, não porque ele não conseguisse fugir, mas porque ele mesmo queria ser preso para exibir seus poderes sobrenaturais.
Zuo Ci foi jogado numa cela. Quando o carcereiro chegou para torturá-lo, descobriu que havia dois Zuo, um do lado de dentro da cela e outro do lado de fora, e ele não distinguia qual era o verdadeiro e o falso.
Cao Cao soube disso ficou ainda com mais raiva, e ordenou que ele fosse executado na praça do mercado. Mas novamente o perderam. Eles fecharam todos os portões da cidade para que ele não escapasse. Quando aqueles que nunca o tinham visto perguntaram como ele era, os homens de Cao Cao disseram:
- Ele é cego de um olho e veste uma capa e roupa preta. Se avistarem uma pessoa com essas características, podem prendê-la que serão recompensados.
Neste mesmo instante todas as pessoas na praça do mercado tornaram-se cegas de um olho e apareceram vestidas com uma capa e roupa preta, e assim Zuo não pôde ser capturado novamente. Cao Cao disse aos seus homens que prendessem todos os caolhos vestidos de preto na praça e as matassem.
Um dos homens de Cao Cao agarrou o primeiro homem e o matou, enviando a notícia do que tinha feito a Cao Cao, que ficou muito satisfeito. Mas quando o cadáver foi levado diante dele, descobriram que era apenas um monte de palha – o corpo tinha evaporado.
Mais tarde alguns homens de Jinzhow disseram que eles tinham visto Zuo Ci. E Liu Biao, o governador, determinou que ele fosse preso e executado por feitiçaria. Liu Biao reuniu suas tropas, e Zuo achou que ele quisesse era assistir a um pouco de mágica. Zuo aproximou-se Liu Biao e disse:
- Tenho um presentinho para cada um de seus soldados.
Liu biao falou:
- Você é um estranho e está sozinho. Existem muitas pessoas no exército – como poderia dar um presente para cada um deles?
Mesmo com a má vontade de Liu Biao, Zuo insistiu. E logo enviou um emissário para saber de que presente se tratava. Acharam um pouco de vinho e carne seca numa panela. Mas quando tentaram trazer a panela e o vinho, nem mesmo dez homens conseguiram. O próprio Zuo trouxe então a carne e o vinho para os soldados. Cortou a carne, e pediu que mais de 100 homens o ajudassem a distribuí os pedaços, junto com um pouco de vinho, a cada um dos homens. Cada um recebeu três copos de vinho e uma fatia de carne, que tinha o gosto de carne normal. No fim, cerca de 10 mil soldados comeram carne e beberam vinho, mas dentro da panela continuava a mesma quantidade dos dois alimentos. Havia também mil outros convidados neste banquete, e todos eles ficaram bêbados de tanto vinho. Liu Biao, muito impressionado, desistiu de matar Zuo.
Zuo foi para o reino de Wu, batendo na casa de um homem chamado Zu Duo, que entendida de mágica e vivia em Dantu. Alguns dos protegidos de Xu foram ao portão com cinco ou seis carros de boi. E mentiram:
- Xu Duo não está em casa.
Embora soubesse que essa afirmação não era verdade, Zuo foi embora. Logo os bois começaram a subir nas árvores. Os homens ficaram impressionados e subiram nas árvores, atrás dos bois, mas os bois desapareceram, e quando os homens desceram, os bois apareceram de novo nos galhos mais altos. Espinhos de quase 30 centímetros cresceram nas rodas dos carros de boi, e era impossível cortá-los, e as rodas não saíam mais do lugar. Os homens foram falar com Xu:
- Chegou um caolho. Achamos que ele era um tipo qualquer, e mentimos para ele, dizendo que o senhor não estava em casa. Logo os nossos carros de boi ficaram enfeitiçados. Pode nos dizer o que isso significa?
Xu disse:
- Ah, deve ser Zuo Ci. E vocês não deviam ter tentado enganá-lo. Se irem bem depressa, pode ser que consigam encontrá-lo.
Eles foram em direções diferentes e quando o encontraram, um em cada lugar, pediram desculpas pelo que tinham feito. E quando voltaram, o feitiço tinha acabado os bois estavam novamente nos carros.
Em seguida, Zuo Ci foi visitar Sun Ce, o senhor de Wu, que também queria matá-lo. Quando saíram para passear juntos, Sun convidou Zuo para que caminhasse na frente de seu cavalo, planejando apunhalá-lo pelas costas. Zuo Ci estava com uma vara de bambu, e começou a caminhar na frente do cavalo de Sun. Mas embora Sun batesse no seu cavalo, não conseguia alcançar Zuo. Percebeu logo que isso era devido aos poderes mágicos de Zuo Ci e desistiu.
Mais tarde Zuo Ci falou com um monge, chamado Ge Xuan, que iria para a Montanha Huo, para fazer uma poção mágica. E desde essa época ele nunca mais foi visto.